terça-feira, 30 de junho de 2009

REFORMA E REAVIVAMENTO

A Igreja Evangélica Brasileira precisa de uma nova Reforma. Muitos daqueles que se dizem protestantes já não protestam mais. Muitos daqueles que se autodenominam evangélicos têm transigido com a verdade e caído na malha sedutora do pragmatismo e das falsas doutrinas. Doutrinas estranhas têm encontrado guarida no arraial evangélico. Novidades forjadas no laboratório do engano têm sido acolhidas com entusiasmo por muitos crentes. Floresce em nossa Pátria uma igreja que tem extensão, mas não profundidade. Cresce em números, mas não em maturidade. Tem influência política, mas não autoridade moral. Faz propaganda de um pretenso poder, mas transige com o pecado.

A Igreja Evangélica Brasileira precisa voltar às Escrituras. Muitos púlpitos estão sonegando aos crentes o pão verdadeiro e dando ao povo um caldo ralo e venenoso. Há aqueles que pregam o que o povo quer ouvir e não o que o povo precisa ouvir. Pregam para entreter os bodes e não para alimentar as ovelhas. Pregam para arrancar aplauso dos homens e não para levá-los ao arrependimento. Pregam prosperidade e não salvação. Pregam curas e milagres e não novo nascimento. Pregam auto-ajuda e não a ajuda do alto. Há muitas igrejas fracas e enfermas por estarem submetidas a um cardápio insuficiente e deficiente. A fraqueza e a doença começam pela boca. Há morte na panela. O veneno mortífero das heresias perniciosas destila em muitas cátedras teológicas. Muitos púlpitos espalham esse veneno e muitos crentes se intoxicam com ele. Precisamos colocar a farinha da verdade nessa panela, a fim de que o povo tenha pão com fartura na Casa do Pão.

A Igreja Evangélica Brasileira precisa voltar às grandes doutrinas da Reforma. Precisamos reafirmar que a Escritura é verdadeira, infalível, inerrante e suficiente e não podemos acrescentar à sua mensagem as revelações, sonhos e visões que emanam de corações errantes. Precisamos reafirmar que a fé em Cristo é suficiente para a nossa salvação e não podemos acrescentar a ela as obras, os méritos nem o misticismo variegado tão incentivado em tantos arraiais. Precisamos reafirmar que a graça de Deus é a única base sobre a qual recebemos a nossa salvação. O homem não merece coisa alguma a não ser o juízo divino, mas de forma benevolente, Deus suspende o castigo e nos oferece seu favor imerecido. Precisamos reafirmar que não há outro nome dado entre os homens pelo qual importa que sejamos salvos, além do nome de Cristo Jesus. Precisamos reafirmar que a glória pertence a Deus e não ao homem, igreja ou instituição humana.

A Igreja Evangélica Brasileira precisa não apenas de Reforma, mas, também, de Reavivamento. Não basta ter doutrina certa, é preciso ter vida certa. Não basta ter apenas luz na mente, é preciso ter fogo no coração. Não basta apenas conhecimento, é preciso ter fervor espiritual. Não basta apenas conhecer doutrina, é preciso ser transformado e impactado por essa doutrina. A igreja de Éfeso tinha doutrina, mas lhe faltava amor. A igreja de Esmirna tinha amor, mas lhe faltava doutrina. Ambas foram repreendidas por Cristo. Precisamos de doutrina e amor, reforma e reavivamento. Não glorificamos a Deus com o vazio da nossa mente e a plenitude do nosso coração nem glorificamos a Deus com a plenitude da nossa mente e o vazio do nosso coração. Deus não é exaltado quando deixamos de conhecer a verdade nem Deus é glorificado quando deixamos de nos deleitar nessa verdade. Razão e emoção não são coisas mutuamente exclusivas. Elas se completam. A emoção que não provém de uma mente iluminada pela verdade é vazia, rasa e inconsistente. Uma mente cheia do conhecimento da verdade, todavia, que não exulta de alegria e santo fervor está, também, em total desacordo com a vontade divina. Oh! Que Deus nos desperte para o conhecermos verdadeiramente! Oh! Que Deus nos encha daquela alegria indizível e cheia de glória, a fim de que nos deleitemos nele e passemos a viver tão somente para a sua glória!

quinta-feira, 25 de junho de 2009

SAL DA TERRA, LUZ DO MUNDO

Mateus 5:13-16

Jesus falava sobre Sal e Luz em algum ponto perto do Mar da Galileia.

Menos de 160 km ao sul estava o rio Jordão, que corria para um outro mar, não tão longe dali. Este outro mar, de tão salgado é chamado de mar morto.

E do lado ocidental vivia ali uma comunidade monástica do Mar Morto, devotados a reproduzirem e guardarem manuscritos bíblicos. Eram conhecidos como Essenios, mas se auto intitulavam “Os filhos da luz”. Entretanto não tomavam providencia para que a Luz brilhasse pois viviam reclusos da sociedade, isolados.

Nestas metáforas, Sal e Luz, algumas conclusões estavam obviamente presentes na mente de Jesus, e eu gostaria que pudéssemos acompanhá-las hoje. 1. JESUS AFIRMAVA COM ISTO QUE O MUNDO NÃO POSSUIA FORCA PROPRIA PARA SE PRESERVAR. AFIRMA QUE A TENDENCIA DO MUNDO ERA DE AUTOFAGIA, AUTODESTRUICAO.

O mundo é evidentemente escuro, sem luz própria.
Ironicamente Paris, chamada a Cidade Das Luzes possui hoje um dos mais altos índices de desfacelamento da família e de suicídio entre adolescentes. Não Tem Luz Própria.

O mundo também possui uma rápida tendência para a decomposição. Ouvimos isto nas ruas quando todos a uma só voz afirmam que ‘ontem havia menos violência, menos corrupção, menos maldade’.
A estrutura mundial patrocinadora do pecado possui em seu DNA uma tendência para se decompor.

Por isto, em Mateus 5:8 Jesus, preparando a Sua Igreja para viver no mundo diz:
“Bem aventurados os limpos de coração porque verão a Deus”. “Limpo” aqui não se refere a resistência contra a carne, mas sim contra o mundo. “Katharoi” – Limpos – significa literalmente “sem mistura”, “sem resíduos”, e é usado para a água tirada da fonte cristalina.

Aqui temos um pressuposto importante.
A Igreja Jamais conseguira ser Sal da Terra e Luz do Mundo (Cumprir a Sua Missão)
- se estiver misturada;
- se passar a se parecer com o mundo;
- se passarmos a viver pelos valores do mundo e não do Reino.

C.S.Lewis nos diz que “não nascemos para a felicidade; nascemos para amar”
Em outras palavras, a Igreja não foi chamada essencialmente para ser feliz, mas para fazer Deus feliz.

Falando sobre a pregação do evangelho, Paulo afirmou que “sobre mim pesa esta obrigação”.
Ou seja, devemos fazer a vontade de Deus por alegria, por prazer, por privilegio.
Mas se estes um dia faltarem, devemos fazê-lo por Obrigação.

Somos chamados a obediência ao Senhor perante um mundo autofágico, com natural tendência para a decomposição.


2. JESUS TAMBÉM AFIRMA, DE MANEIRA CATEGORICA, QUE “NÓS”, A IGREJA, SOMOS O SAL DA TERRA E LUZ DO MUNDO.

Parece-nos obvio esta expressão porque já a ouvimos desde nossa infância.
Mas Jesus está aqui demarcando o campo de poder da Igreja.

Vejamos. Ele estava longe das cidades, dos templos, das sinagogas, das escolas, das estruturas de poder econômico, político e social. Portanto Ele estava deixando bem claro que nossas estruturas não são o Sal da terra e Luz do mundo; Nossas finanças não são o sal da terra e luz do mundo; Nossos templos, nossos métodos, estratégias litúrgicas, influencia na mídia, não são o Sal da Terra e Luz do mundo. Os homens, crentes, é que o são.

M. Bounds nos diz que: “Constantemente nos esforçamos por criar novos métodos, novos planos, para garantir eficiência na Igreja. Nos esquecemos que o homem é o método de Deus. A Igreja procura melhores métodos. Deus procura homens melhores.”
Mundo.

Há no mundo hoje 2227 povos não alcançados; ainda 4.000 povos sem uma igreja forte o suficiente para alcançar a própria etnia. No Norte da África e Oriente Médio, há bolsões com até 1 equipe missionária para cada 3 milhoes de habitante. Há mais de 3.000 linguas sem a Palavra de Deus traduzida em seus idiomas e 1 bilhao de pessoas que não sabe ler ou escrever. Não leriam a Palavra mesmo se a tivessem em suas mãos. Temos em nosso país 103 tribos indígenas sem presença missionária. E há guetos sociais bem perto de nós, a espera de alguém que se levante e seja ali Sal e Luz.

Charles Peace foi um assassino, condenado a morte em 1902 na Inglaterra. Seria enforcado. Ao caminhar para o cadafalso um pastor anglicano o acompanhava citando-lhe partes da Palavra de Deus. No meio do caminho Charles Peace parou e perguntou ao pastor:
- “O senhor crê no que está falando ?”
- “Sem duvida” – respondeu o ministro.
Ao que Charles Peace completou: “Não, o senhor não crê. Se eu cresse no que o senhor afirma crer, correria ou mesmo rastejaria por toda a Inglaterra e pelos campos, ainda que estivessem cheios de cacos de vidro, para falar a homens e mulheres a respeito da minha fé. Não o senhor não crê”.

Deus usa corações apaixonados por Jesus. Homens como você e eu.


3. JESUS, EM SEU SERMÃO, NOS AFIRMA QUE O SAL QUE PERDE O SABOR É IMPRESTAVEL; A LUZ ESCONDIDA É INUTIL.

Teologicamente nossa Identidade e Missão são aspectos inseparáveis da vida Cristã.
Empiricamente conseguimos divorciar a nossa Identidade crista do Serviço cristão.

Por isto Ghandi afirmou que “crê no nosso Cristo mas não no nosso Cristianismo”.
Por isto Stott afirmou que “o Cristianismo se parece com torres inacabadas”

Porque nos tornamos imprestáveis ou inúteis ? Há muitas respostas viáveis. Uma delas é nossa compreensão da Missão. Cremos que a Missão é realizada pela nossa força e capacidade humana tão somente. E sempre a atribuímos a aqueles pastores, missionários e obreiros treinados para o Serviço. Assim elitizamos a Missão. Mas na visão de Cristo a Obra do Senhor é realizada pela Graça de Deus e não pela capacidade humana.

Se somos sal da terra é tão somente pela Graça de Deus.
Se somos luz do mundo é tão somente pela Graça de Deus.

(*) Gideon Ousley foi um pregador pioneiro no Metodismo nascente.
Homem simples, trabalhava no campo descascando o milho e lançando a palha fora. Sem a retórica de seus antecessores ele se achava incapaz para ministério.
Gideon conta que em uma oração ouviu a voz de Deus que lhe dizia:
- “ Pregue o Evangelho”
ao que ele respondia: “Não sou capaz” !
O Senhor continuou:
- “Gideon, você conhece a enfermidade ?” (sim Senhor)
- “Gideon, você conhece o remédio ?”{ (sim Senhor)
- “Então vá e fale da enfermidade e do remédio. O resto é palha” !

sábado, 20 de junho de 2009

O LIVRE-ARBÍTRIO (PALAVRA QUE NÃO EXISTE NA BIBLIA)

Dt 30.19,20; Jp 6.44,65; Jo 8.34-36; Jo 15.5; Rm 8.5-8; Tg 1.13-15


Neste exato momento você está lendo estas palavras porque você decidiu, por sua própria vontade, lê-las. Você pode protestar e dizer: "Não! Eu na decidi ler estas palavras. Fui incumbido de ler este livro. Realmente não quero lê-lo". Tal vez esse seja o caso. No entanto, você o está lendo. Pode ser que haja outras coisas que você preferia estar fazendo neste momento, mas de qualquer forma você decidiu lê-lo. Você decidiu lê-lo e, vez de decidir não lê-lo.

Não sei por que você esta lendo isto. Mas sei que você deve ter uma razão para lê-lo. Se você não tivesse razão para lê-lo, simplesmente não teria decidido lê-lo.

Toda escolha que fazemos na vida, fazemos por alguma razão. Nossas decisões baseadas sobre o que parece bom para nós no momento, considerando-se todas as implicações. Fazemos algumas coisas movidos por intenso desejo. Fazemos outras sem termos consciência de nenhum desejo. Mesmo assim, o desejo está lá, ou então não escolheríamos fazer tais coisas. Essa é a própria essência do livre-arbítrio - escolher de acordo com nosso desejos.

Jonathan Edwards, em seu livro The Freedom of the Will [A Liberdade de Vontade], define a vontade como "o instrumento pelo qual a mente escolhe". Não há dúvida de que os seres humanos de fato fazem escolhas. Eu estou escolhendo escrever e você está escolhendo ler. Eu quero escrever e a escrita é acionada. Quando a idéia de liberdade é acrescentada, entretanto, o assunto torna-se terrivelmente complicado. Temos de perguntar: liberdade para fazer o quê? Até mesmo o calvinista mais ardoroso não pode negar que a vontade é livre para escolher qualquer coisa que ela deseja. Até mesmo arminiano mais convicto concordaria qual a vontade não é livre para escolher aquilo que não deseja.

Com respeito à salvação, a questão é: o que o ser humano deseja? Os arminianos crêem que alguns desejam arrepender-se e ser salvos. Outros desejam fugir de Deus, e assim colher a condenação eterna. Por que pessoas diferentes têm desejos diferentes nunca foi esclarecido pelos arminianos. Os calvinistas sustentam qual todo ser humano deseja fugir da presença de Deus a menos e até o Espírito Santo opere a obra de regeneração, a qual muda nossos desejos, para que livremente nos arrependamos e sejamos salvos.

É importante notar que mesmo as pessoas não regeneradas nunca são forçadas contra sua vontade. Sua vontade é transformada sem sua permissão, mas são sempre livres para escolher conforme queiram. Assim, de fato somos livres para fazer segundo queremos. Não somos livres, contudo, para escolher ou selecionar nossa natureza. Ninguém pode declarar simplesmente: "De agora em diante vou desejar só o bem"; da mesma maneira que Cristo não poderia ter declarado: "De agora em diante vou desejar só o mal". É aquele que termina nossa liberdade.

A Queda deixou a vontade humana intacta no sentido em que ainda temos a faculdade de escolher. Nossa mente foi obscurecida pelo pecado e nossos desejos presos a impulsos ímpios. Mas ainda podemos pensar, escolher e agir. Mesmo assim, algo terrível nos aconteceu. Perdemos todo anseio por Deus. Os pensamentos e desejos de nossos corações são continuamente maus. A liberdade de nossa vontade tornou-se uma maldição. Visto que ainda podemos escolher segundo nossos desejos, escolhermos pecar e assim nos tornamos passíveis do juízo de Deus.

Agostinho disse que ainda temos livre-arbítrio, mas perdemos nossa liberdade. A liberdade real sobre a qual a Bíblia fala é a liberdade ou o poder de escolher Cristo como nosso. Entretanto, até que nosso coração seja mudado pelo Espírito Santo, não sentimos nenhum desejo por Cristo. Sem esse desejo, nunca o escolheremos. Deus tem de despertar nossa alma e nos dar uma aspiração por Cristo antes que sejamos inclinados a escolhê-lo.

Edwards disse que, como seres humanos caídos, retemos nossa liberdade natural (o poder de agir de acordo com nossos desejos), mas perdemos nossa liberdade moral. A liberdade moral inclui disposição, inclinação e desejo da alma em relação à justiça. Foi esta inclinação que se perdeu na Queda.

Toda escolha que faço é determinada por algo. Há uma razão para ela, um desejo por trás dela. Isso soa como determinismo? De maneira nenhuma! O determinismo ensina que nossa ações são completamente controlados por fatores que nos são externos, que nos obrigam a fazer o que não queremos. Isso é coerção e se opões à liberdade.

Como nossas escolhas podem ser determinadas, mas não coagidas? Porque são determinadas por algo interior - pelo que nós somos e pelo que desejamos. São determinadas por nós mesmos. Isso é autodeterminação, que é a própria essência da liberdade.

Para escolhermos a Cristo, Deus tem de mudar nosso coração, e é precisamente isto que ele faz. Ele muda nosso coração por nós. Dá-nos aspiração por ele, que de outra maneira não teríamos. Então o escolhermos a partir do desejo que está dentro de nós. Nós o escolhemos livremente porque queremos escolhê-lo. Esta é a maravilha de sua graça.

Sumário

1. Toda escolha que fazemos e motivada.

2. Nós sempre escolhemos segundo nossa inclinação mais forte no momento em que fazemos a escolha.

3. A vontade é a faculdade de escolher.

4. Seres humanos caídos possuem livre-arbítrio, mas carecem de liberdade. Temos liberdade natural, mas não liberdade moral.

5. A liberdade é autodeterminação.

6. Na regeneração, Deus muda a disposição de nosso coração e implanta em nós o desejo por ele.

Autor: R. C. Sproul
Fonte: 2º Caderno Verdades Essenciais da Fé Cristã – R.C.Sproul. Editora Cultura Cristã.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

VIVENDO NA PERSPECTIVA DE DEUS

Referência: Filipenses 1.12-18

INTRODUÇÃO

1. Vivemos na perspectiva de Deus quando sabemos que o evangelho é mais importante que a nossa liberdade

Paulo está preso, mas o evangelho está livre. O evangelho é mais importante que o obreiro. A divulgação do evangelho é mais importante que a vida do obreiro. Paulo foca sua atenção não em si, mas na proclamação do evangelho. Todo esse parágrafo gira em torno não de Paulo, de suas cadeias, de seus críticos, mas do evangelho. O evangelho é o oxigênio que Paulo respira. Não importam as circunstâncias, desde que o evangelho seja anunciado. Não importa se o obreiro vive ou morre, o que importa é que Cristo seja engrandecido seja na sua vida seja na sua morte (1.20).

2. Vivemos na perspectiva de Deus quando sabemos que o evangelho é o maior presente de Deus para a humanidade

Paulo define o evangelho de três formas:
Em primeiro lugar, o evangelho é a boa nova para a humanidade (1.12). Neste mundo onde reina violência, corrupção, desespero, confusão filosófica e multiplicidade de conceitos religiosos, o evangelho é a boa nova de Deus, do seu amor e propósito eterno de salvar o pecador por meio de Jesus Cristo.

Em segundo lugar, o evangelho é a proclamação da Palavra de Deus (1.14). A Palavra de Deus é inspirada, inerrante, infalível e suficiente. Não há erros nela, pois seu autor não pode falhar. Não há necessidade de acrescentar mais nada a ela, pois ela é suficiente. Uma mulher konkomba, em Gana, na África, depois de passar uma semana aprendendo a Palavra de Deus na Igreja de Coni, retornou à sua aldeia. Depois de três dias de viagem a pé, esqueceu-se de um versículo aprendido. Ela retornou para decorar novamente a porção esquecida. Quando o missionário Ronaldo de Almeida Lidório falou para ela que não precisava ter feito aquele sacrifício de viajar três dias para decorar apenas um versículo, ela respondeu: “A Palavra de Deus é muito importante para se perder pelo caminho”.

Em terceiro lugar, o evangelho é a revelação da Pessoa de Jesus Cristo (1.18). O evangelho é a boa nova acerca de uma Pessoa. Jesus é o conteúdo do evangelho. O âmago do evangelho é que Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu único Filho para morrer por pecadores, a fim de que eles tenham a vida eterna.

I. OLHANDO PARA O PASSADO COM DISCERNIMENTO (1.12)

1. Paulo não se concentra no seu sofrimento com autopiedade
Paulo estava preso, algemado, impedido de viajar, de visitar as igrejas e de abrir novos campos, mas ao escrever para a igreja de Filipos não enfatiza seus sofrimentos, mas o progresso do evangelho. A Palavra é mais importante que o obreiro. O vaso é de barro, mas o conteúdo que tem no vaso é precioso. O que importa não é o bem-estar do obreiro, mas o avanço do evangelho.

2. Paulo faz uma leitura do passado pela ótica da soberania de Deus
Paulo havia passado por muitas lutas até chegar a Roma. Ele foi perseguido, açoitado e preso, mas em momento algum perdeu de vista a direção soberana de Deus em todos esses acontecimentos.
Em primeiro lugar, ele não considerou seus sofrimentos como fruto do acaso. Ele não acreditava em casualidade. Paulo não acreditava em determinismo. Ele sabia que a mão soberana da providência guiava o seu destino e que seus sofrimentos estavam incluídos nos planos do Eterno para o cumprimento de propósitos mais elevados.
Em segundo lugar, ele não considerou seus sofrimentos meramente como perseguição dos homens. Ele foi certamente perseguido, odiado, caluniado, açoitado, enclausurado, mas jamais viu seus adversários como agentes autônomos nessa empreitada. Ele sempre olhou para os acontecimentos na perspectiva da soberania e do propósito de Deus.
Em terceiro lugar, ele não considerou seus sofrimentos como expressão da fúria de Satanás. Embora Satanás tenha intentado contra ele, mas jamais Paulo considerou-o como o agente de seus sofrimentos. Quem estava no comando de sua agenda não era o inimigo, mas Deus. Quem determinava o rumo dos acontecimentos na agenda missionária da igreja era Deus. Ele via os acontecimentos como um plano sábio de Deus para o cumprimento de um propósito glorioso, qual seja o progresso do evangelho.

3. Paulo olha para o passado e vê um propósito divino em tudo que lhe aconteceu
O que aconteceu com Paulo, que contribuiu para o progresso do evangelho? Quais foram os fatos que estão incluídos nesses acontecimentos? Podemos fazer uma viagem rumo ao passado na trajetória desse bandeirante do cristianismo e observar alguns pontos:
Em primeiro lugar, ele foi perseguido em Damasco (At 9.23-25). Depois de convertido na capital de Síria, Paulo anunciou Jesus naquela cidade (At 9.20,21). Dali foi para a região da Arábia, onde ficou cerca de três anos, fazendo uma reciclagem em sua teologia (Gl 1.15-17). Voltou a Damasco (Gl 1.17) e agora, não apenas prega, mas demonstra meticulosamente que Jesus é o Cristo (At 9.22). Então, em vez de ser acolhido, é perseguido. Precisa fugir da cidade para salvar sua vida (At 9.23-25). Aquela perseguição deve ter sido um duro golpe para Paulo.
Em segundo lugar, ele foi rejeitado em Jerusalém (At 9.26-28). Quando chegou em Jerusalém, na igreja-mãe, os apóstolos não confiaram nele. Paulo, então, sentiu a dor de ser rejeitado. A aceitação é uma necessidade básica da vida humana. Ninguém pode viver saudavelmente sem amor. Não somos uma ilha. Foi então que apareceu Barnabé, o filho da consolação para abraçá-lo, valorizá-lo e integrá-lo na vida da igreja (At 9.27).
Em terceiro lugar, ele foi dispensado do campo pelo próprio Deus (At 22.17-21). No apogeu da sua empolgação, no auge do seu trabalho, Deus mesmo aparece para ele em sonhos e o dispensa da obra. Deus o manda arrumar as malas e sair de Jerusalém. Paulo não entende e discute com Deus. Para ele, Deus estava cometendo um erro estratégico, tirando-o de cena. Deus, porém, não muda; é Paulo quem precisa mudar e mudar-se. E diz o texto sagrado, em Atos 9.31, que quando Paulo arrumou as malas e foi embora, a igreja passou a ter paz e a crescer. Esse foi um doloroso golpe no orgulho desse homem.
Em quarto lugar, ele foi esquecido em Tarso (At 9.30). Paulo ficou cerca de dez anos em sua cidade sem nenhuma projeção, fora dos holofotes, atrás das cortinas, em completo anonimato. Deus o esvazia de todas as suas pretensões. Golpeia seu orgulho e põe o machado na raiz de seus projetos mais acalentados.
Em quinto lugar, ele foi colocado na sombra de outro líder (At 13.2). Convocado por Barnabé para estar em Antioquia da Síria reinicia o seu ministério. Depois de um ano de intenso trabalho naquela igreja o Espírito Santo disse: “... separai-me, agora, Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado” (At 13.2). Note que os escolhidos não são Saulo e Barnabé, mas Barnabé e Saulo. Você já foi segundo alguma vez? Já ficou na sombra de outra pessoa? Já foi reserva de algum titular? Antes de ser um grande líder, Paulo precisou aprender a ser submisso. Quem nunca foi liderada dificilmente saberá como liderar.
Em sexto lugar, ele foi apedrejado e arrastado como morto na cidade de Listra (At 14.19). Paulo estava fazendo a obra de Deus, no tempo de Deus, dentro da agenda de Deus e mesmo assim, foi apedrejado. Mas, ele não ficou amargurado nem se decepcionou com o ministério. Ao contrário, prosseguiu fazendo a obra com alegria.
Em sétimo lugar, ele foi barrado por Deus no seu projeto (At 16.6-10). Paulo queria ir para a Ásia, mas Deus o impediu. Ele tinha uma agenda e Deus tinha outra. Paulo teve que abrir mão da sua vontade para abraçar a vontade de Deus. Importa ao obreiro obedecer, sempre!
Em oitavo lugar, ele foi preso e açoitado com varas em Filipos (At 16.19-26). Mesmo estando no centro da vontade de Deus, Paulo foi preso, açoitado com varas e jogado no cárcere interior de uma prisão. Em vez de ficar revoltado ou amargurado com as circunstâncias, ele orou e cantou à meia-noite e Deus abriu as portas da prisão e o coração do carcereiro.
Em nono lugar, ele foi escorraçado de Tessalônica e Beréia (At 17.5,13). Por onde ele passa, ele deixa o perfume do evangelho, mas os espinhos pontiagudos da perseguição o ferem. Ele foi enxotado dessas duas cidades em vez de ser recebido com honras.
Em décimo lugar, ele foi chamado de tagarela em Atenas e de impostor em Corinto (At 17.17.18; 18.12). Na capital da cultura, das artes e da filosofia, Paulo é chamado de tagarela e na agitada cidade de Corinto, onde trabalhou dezoito meses, Paulo foi considerado um impostor. As circunstâncias lhe parecem absolutamente desfavoráveis. Paulo parece um homem de aço, suporta açoites, cadeias, frio, desertos, fome, perigos, naufrágios, ameaças, sem perder a alegria (2Co 11.23-28; Gl 6.17).
Em décimo primeiro lugar, ele é preso em Jerusalém e acusado em Cesaréia (At 21.27,28; 23.31.22.1-9). Paulo estava levando ofertas de amor para os crentes pobres de Jerusalém quando foi preso no templo. Os judeus armaram ciladas para matá-lo e Paulo, então, foi levado para Cesaréia, onde durante dois anos foi acusado injustamente pelos judeus. Usando seu direito de cidadão romano, Paulo apelou para ser julgado em Roma (At 25.11,12). Aliás, não só Paulo queria ir a Roma (Rm 15.30-33), mas Deus também o queria em Roma (At 23.11).
Em décimo segundo lugar, ele enfrenta um naufrágio na viagem para Roma (At 27.9-28.1-10). Já que Deus o queria em Roma era de se esperar que a viagem fosse tranqüila. Mas, quando Paulo embarcou para Roma enfrentou uma terrível tempestade. Durante quatorze dias o navio foi açoitado com rigor desmesurado e todos os duzentos e setenta e seis prisioneiros perderam a esperança de salvamento, exceto Paulo (At 27.20-26). O navio pereceu, mas as pessoas foram salvas.
Em décimo terceiro lugar, ele foi mordido por uma víbora em Malta (At 28.1-6). A única pessoa atacada por uma víbora peçonhenta foi Paulo. Os malteses, apressadamente, fizeram um juízo errado dele, chamando-o de assassino. Parecia que tudo dava errado para Paulo. Mas, em vez de cair morto pelo veneno da víbora, ele curou os enfermos da ilha.
Em décimo quarto lugar, ele chegou preso em Roma (At 28.16). Paulo chegou em Roma não como missionário, mas como prisioneiro, sem pompa, sem comissão de recepção, sem holofotes. Mas, longe de ficar frustrado, ele diz para à igreja de Filipos que todas essas coisas contribuíram para o progresso do evangelho. Ele não se considera prisioneiro de César, mas de Cristo (Ef 4.1).

4. Paulo olha para o seu sofrimento como a abertura de novos caminhos para o evangelho (1.12)
Paulo diz que as coisas que lhe aconteceram em vez de desmotivá-lo, de decepcioná-lo ou atrapalhar o projeto missionário contribuíram para o progresso do evangelho.
William Barclay diz que a palavra que Paulo usa para o “progresso do evangelho” é muito expressiva, prokope. Este termo se usa particularmente para designar o avanço de um exército ou uma expedição. O substantivo provém do verbo prokoptein que significa “derrubar de antemão” e se aplica ao corte de árvores e a toda remoção de impedimentos que obstaculizavam a marcha do exército.
Ralph Martin diz que este termo grego prokope significa mais especificamente, “avanço a despeito de obstruções e perigos que bloqueiam o caminho do viandante”. Warren Wiersbe, por sua vez, entende que o termo prokope significa “avanço pioneiro”, ou seja, um termo militar grego que se referia aos engenheiros do exército que avançavam à frente das tropas para abrir caminho em novos territórios. Assim, a prisão de Paulo longe de fechar as portas, ela as abre; longe de ser uma barreira, desobstrui o caminho a novos campos de trabalho que jamais seriam alcançados de outra forma.
Charles Haddon Spurgeon é o mais conhecido pregador do século XIX. Poucos, porém, conhecem a história de sua esposa, Susannah. Quando ainda eram recém-casados, a Sra Spurgeon desenvolveu uma enfermidade crônica e, ao que tudo indicava, seu único ministério seria o de encorajar o marido e orar por seu trabalho. Mas Deus colocou em seu coração o desejo de compartilhar os livros de seu marido com pastores que não tinham recursos para comprar esse material. Em pouco tempo, tal desejo levou à criação do Fundo para Livros. Essa obra de fé equipou milhares de pastores com instrumentos importantes para seu trabalho. Mesmo sem poder sair de casa, a Sra Spurgeon supervisionou pessoalmente todo esse ministério pioneiro.

II. OLHANDO PARA O PRESENTE COM ALEGRIA (1.13-18)

1. Paulo viu sua prisão como a abertura de novas frentes de evangelização (1.13)
Warren Wiersbe diz que o mesmo Deus que usou o bordão de Moisés, os jarros de Gideão e a funda de Davi, usou as cadeias de Paulo. Os romanos sequer suspeitavam que as correntes que colocaram nos punhos do apóstolo o libertariam ao invés de prendê-lo! Em lugar de queixar-se da suas cadeias, Paulo consagrou-as a Deus e pediu que as usasse para o avanço pioneiro do evangelho.
Deus é o senhor da obra e também dos obreiros. Ele abre portas para a pregação e usa os acontecimentos que atingem os obreiros como instrumentos para ampliar os horizontes da evangelização. Porque Paulo estava preso ele pode alcançar grupos que jamais teria alcançado em liberdade. Suas cadeias abriram portas para o evangelho. Os homens podem prender você, mas não o evangelho. Paulo não é um malfeitor social, nem um preso político, mas um embaixador em cadeias. Sua prisão é uma tribuna. Suas algemas são megafones de Deus.
Paulo não pensava no seu sofrimento, mas como seu sofrimento podia contribuir para o progresso do evangelho. A perseguição jamais obstruiu o evangelho nem jamais impediu o crescimento da igreja. A igreja sempre cresceu mais em tempos de perseguição do que em tempos de bonança. Quem semeia com lágrimas, com alegria recolhe os feixes. A igreja primitiva avançou com mais força na era dos mártires do que nos tempos áureos da sua riqueza. Os maiores avivamentos da igreja aconteceram em tempos de dor e perseguição. O avivamento coreano aconteceu nos anos mais dolorosos de perseguição e martírio. A igreja chinesa cresceu explosivamente nos anos mais dramáticos da perseguição de Mao. A prisão de Paulo abriu espaço para a evangelização em Roma.
A quem Paulo alcançou por causa de suas cadeias?
Em primeiro lugar, a guarda pretoriana (1.13). A guarda pretoriana era a guarda de elite do imperador. A palavra grega praitorion pode significar tanto um lugar como um grupo de pessoas. O termo usado por Paulo se aplica à guarda do pretório. Essa era a guarda imperial de Roma. Bruce B. Barton diz que a guarda pretoriana era a tropa de elite instalada no palácio do imperador. Havia sido instituída por Augusto e compreendia um corpo de dez mil soldados escolhidos. Augusto os havia mantido disperso por toda Roma e aldeias. Tibério a concentrou em Roma em um edifício especial com um campo fortificado. Vitélio aumentou o número dessa guarda para dezesseis mil. Ao final de dezesseis anos de serviço, esses soldados recebiam a cidadania romana. Essa guarda passou a ser quase o corpo de guarda privado do imperador.
Dia e noite, durante dois anos, um soldado dessa guarda era preso a Paulo por uma algema. Como cada soldado cumpria um turno de seis horas, a prisão de Paulo abriu o caminho à pregação do evangelho no regimento mais seleto do exército romano, a guarda imperial. Paulo no mínimo podia pregar para quatro homens todos os dias. Toda a guarda pretoriana sabia a razão pela qual Paulo estava preso e muitos deles foram alcançados pelo evangelho (4.22). Assim, as cadeias de Paulo removeram as barreiras e deram a ele a oportunidade de evangelizar os mais altos escalões do exército romano.
Werner de Boor abre uma clareira para uma nova compreensão sobre o pretório romano. Segundo ele, depois de longa pendência de dois anos de prisão domiciliar (At 28.30), o processo de Paulo passou a um estágio crítico (2Tm 4.16). Paulo havia sido trazido ao quartel para os interrogatórios e as tramitações decisivas. Como isso interferia em sua realidade pessoal! Moradia própria alugada ou uma cela certamente não muito amistosa em um quartel – que diferença! Além disso, Paulo era uma pessoa idosa! Corte de moradia própria, transferência para o quartel, detenção mais rigorosa – isso não representava um impedimento total para seu trabalho evangelizador? Ao contrário, isso abriu caminhos para o evangelho em Roma. A “porta da Palavra” não é aberta por nós, mas por Deus (Cl 4.3). Por isso Paulo declara que “suas algemas se tornaram conhecidas em Cristo em todo o pretório”. O que parecia ser um estorvo tornou-se um canal, para o progresso do evangelho.
Em segundo lugar, todos os demais membros do palácio (1.13). Além dos soldados, Paulo também evangelizou as demais pessoas que viviam no pretório. Por causa de suas cadeias Paulo esteve em contato com outro grupo de pessoas: os oficiais do tribunal de César. O apóstolo encontrava-se em Roma como prisioneiro do Estado, e seu caso era importante. Além das pessoas que viviam no pretório, Paulo recebeu na prisão domiciliar muitas pessoas e a todas elas ele influenciou e a muitas delas ganhou para Jesus por meio do evangelho (At 28.23-31).

2. Paulo viveu de tal modo a estimular outros irmãos a falar com mais desassombro a Palavra de Deus (1.14,16)
Quando Paulo entrou em Roma não era um prisioneiro entrando, era o evangelho entrando em Roma. O instrumento da mensagem estava algemado, mas o conteúdo da mensagem estava livre. O fato de Paulo estar em cadeias levou a maioria dos crentes de Roma a um despertamento espiritual e a um engajamento no trabalho da pregação. Os crentes ficaram mais entusiasmados. Os obreiros se mexeram.
Ralph Martin diz que os crentes de Roma descobriram uma nova fonte de energia nas algemas de Paulo. Não somente estava o evangelho sendo proclamado por Paulo em seus contatos na prisão, mas seus esforços estavam sendo multiplicados fora da prisão. As cadeias de Paulo foram um estímulo para a igreja de Roma. Destacamos aqui, quatro pontos importantes:
Em primeiro lugar, o alcance do estímulo (1.14). Este estímulo atingiu a maioria dos crentes, mas nem todos. A igreja de Roma estava dividida. A divisão não era doutrinária, mas motivacional. É muito raro você contar com unanimidade na igreja quando se trata da fazer a obra de Deus. É importante ressaltar que não são apenas os líderes (1.1) que estão engajados no testemunho do evangelho, mas os crentes. Todos são luzeiros a brilhar (2.15). Esse conceito contemporâneo de que só os obreiros devem anunciar a Palavra de Deus é uma terrível distorção da doutrina do sacerdócio universal dos crentes.
Em segundo lugar, a fonte do estímulo (1.14). Aqueles irmãos da igreja de Roma estavam sendo estimulados não por Paulo, mas estimulados “no Senhor” pelas algemas de Paulo. Só o Senhor Jesus pode motivar pessoas à obra da evangelização.
Em terceiro lugar, a razão do estímulo (1.15,16). Enquanto alguns crentes estavam pregando o evangelho por inveja e porfia, outros o faziam de “boa vontade e por amor”. O verbo “pregar” keryssein, significa fazer a obra de um arauto, isto é, transmitir fiel e claramente o que alguém, uma autoridade superior tem ordenado proclamar.
Em quarto lugar, o resultado do estímulo (1.14). O resultado é que a maioria dos irmãos da igreja de Roma “ousam falar com mais desassombro a palavra de Deus”. O que realmente eles falam é a palavra de Deus (1.14), e isso revela que a mensagem não vem deles mesmos, mas é a verdade de Deus. A substância da mensagem que eles pregavam é Cristo (1.15,17,18).

3. Paulo não azedou o coração por causa da competição de seus críticos (1.15,17,18)
Paulo faz uma transição de suas “cadeias” (1.12-14), para seus “críticos” (1.15-18). Paulo precisa comentar, tristemente, que nem todos estão motivados pelas melhores intenções. Paulo não condena a substância da pregação de seus críticos. A triste observação do apóstolo refere-se aos motivos por que pregam a Cristo. Eles têm uma doutrina certa e uma motivação errada. Há três coisas aqui que precisam ser destacadas:
Em primeiro lugar, alguns crentes pregam o evangelho com a motivação errada (1.15). Uns pregam o evangelho por amor ao evangelho, outros por amor a si mesmos. J. A. Motyer diz que o fato de Paulo não dar nome a esses críticos revela sua grande graça e sabedoria. Ele não quer tornar esse tema um assunto de maledicência nem desviar a atenção para assuntos laterias. Alguns irmãos, ao verem Paulo preso, se esforçaram para pregar o evangelho com cinco motivações erradas:
Primeiro, inveja. No grego temos o vocábulo phthonos, que significa “ciúmes”, “inveja”. A inveja e a contenda andam juntas, da mesma forma que o amor e a unidade são inseparáveis, diz Warren Wiersbe. A inveja se intromete entre pregadores do evangelho. Com quanta profundidade ela está arraigada em nosso coração, mais profundamente do que muitos pecados rudes. Nem mesmo uma conversão autêntica simplesmente arranca a inveja. Possivelmente esses críticos de Paulo fossem pessoas que antes detinham posição de destaque na vida da igreja de Roma e cuja palavra era alvo de atenção especial. Com a chegada de Paulo em Roma sentiram-se relegados a um segundo plano e privados de sua importância anterior. Então surgiu a inveja.
Segundo, porfia. É a tradução de eris, palavra grega que significa “contenda”, “discórdia”, “dissensão”. Essa foi a palavra que Paulo usou para descrever as facções existentes na igreja de Corinto, e que provocaram traumáticas divisões (1Co 3.3). Da inveja brota o prazer malicioso. No fundo tais pessoas se alegraram pelo fato de Paulo ter sido neutralizado pela transferência para o quartel. Eles pensam que nessa situação Paulo já não os estorva, e assim, já podem recuperar sua posição, diz Werner de Boor. Essa palavra eris também traz a idéia de competição para receber o apoio de outros. Assim, em vez de perguntarem: “Você já aceitou a Cristo?”, perguntavam: “De que lado você está, do nosso ou do de Paulo?”
Terceiro, discórdia. No original grego é eritheia, que significa “disputa”, “ambição egoísta”, com explosões de egoísmo. Essas pessoas pregavam por interesses pessoais. Pregavam para aumentar sua própria influência e prestígio. Eles pregavam para engrandecer a si mesmos. Essas pessoas estão trabalhando para terem mais influência sobre a igreja. A glória do nome delas e não a glória do nome de Cristo é o que buscavam com mais fervor.
Quarto, falta de sinceridade. No grego temos a forma negativa de agnos, dando a entender “impuramente”, “insinceramente”. Aquelas pessoas faziam a coisa mais sublime e mais santa do mundo, pregar o evangelho, com as intenções mais obscuras e nebulosas, a promoção de si mesmas. O culto à personalidade é um pecado que ofende a Deus. Toda a glória dada ao homem é glória vazia (2.3,4).
Quinto, suscitar tribulação em Paulo. No grego é thlipsis, que significa “pressão”, fricção”, derivado da forma verbal que significa “pressionar”. Por estarem doentes espiritualmente, pensavam que Paulo também era como eles. Pensavam que estava disputando primazia. Olhavam para Paulo como um competidor e um rival. Trabalhavam apenas para apresentar um relatório com maiores resultados. Esses pregadores estavam mais interessados em sua reputação do que em sua mensagem, diz Bruce B. Barton. Ficavam felizes quando podiam fazer mais dos que os outros. As limitações dos outros lhes davam um prazer mórbido. As cadeias de Paulo eram a alegria deles.
Em segundo lugar, estranhamente essas pessoas pregam a mensagem certa (1.17). Essas pessoas estavam fazendo a coisa certa da maneira errada. Elas não estavam pregando heresias, mas o evangelho. O estranho é que os críticos de Paulo não deturparam nem esvaziaram a mensagem do evangelho. Paulo jamais teria se alegrado se esses críticos estivessem pregando alguma heresia (Gl 1.6-9). É somente por ser verdadeiro o evangelho que estas pessoas anunciam é que Paulo consegue desconsiderar a motivação insincera.
Em terceiro lugar, a reação de Paulo aos opositores (1.18). Paulo está indiferente a esses ataques contra si próprio, como se fora um homem sem reputação. Sua única preocupação é a pregação de Cristo; este fato enche-o de alegria. Paulo não está alegre com os críticos egoístas, mas com o fato de que pregavam a Cristo! Ele não se importava se alguns eram a favor dele e outros contra. Para ele, o mais importante era a pregação do evangelho de Jesus Cristo.
Paulo não está construindo um reino pessoal. Ele não está lutando para a exaltação do seu nome. O que lhe interessa é a divulgação do evangelho. Por isso, se alegra porque esses pregadores egoístas estão com a motivação errada, mas estão pregando o evangelho. O foco de Paulo não está nele mesmo, mas em Cristo. Seu foco está no conteúdo do evangelho e não na motivação dos pregadores. Sua atenção não está no que as pessoas lhe fazem, mas em como o evangelho avança.
William Barclay diz que Paulo não alimentava ciúmes ou ressentimentos pessoais. Se Jesus Cristo era pregado, não lhe importava quem iria receber o crédito, a honra e o prestígio. Com muita freqüência nós nos ressentimos porque outro ganha uma distinção que nós não temos recebido. Com muita freqüência nós olhamos para o outro como inimigo porque tem expressado alguma crítica sobre nós ou nossos métodos. Com freqüência pensamos que alguém não serve porque não faz as coisas do nosso modo.

4. Paulo em vez de defender a si mesmo Paulo, defendeu o evangelho (1.16)
Paulo foi um vigoroso apologeta. Ele não só pregou a verdade, mas denunciou e desmascarou a mentira. Ele não só anunciou o evangelho, mas desbaratou as heresias. Ele não só ergueu a bandeira de Cristo, mas combateu com tenacidade toda sorte de falsos ensinos que tentavam perverter o cristianismo. Paulo enfrentou os judaízes legalistas, os místicos gnósticos e os ascetas (Cl 2.8-23). Hoje, muitos falsos mestres se levantam disseminando sua heresia: o liberalismo e o misticismo pragmático são heresias que ainda atacam fortemente a igreja contemporânea. Velhas heresias como novas caras têm surgido como o Teísmo aberto. Livros insolentes atacam o cristianismo como Código da Vinci e o Evangelho de Judas. Precisamos dar razão da nossa esperança (1Pe 3.15).
J. A. Motyer diz que Paulo via a si mesmo como um homem sob ordens. Ele escreve: “... sabendo que estou incumbido da defesa do evangelho” (1.16). O termo usado aqui é militar. Quando os soldados da guarda pretoriana vinham cumprir seu turno, prendendo-se a ele por meio de algemas, Paulo aproveitava aquela oportunidade para prender aqueles soldados à verdade do evangelho. Ele não questionava seu sofrimento como se Deus houvesse esquecido dele ou como se seu sofrimento fosse obra de Satanás. Ele via cada circunstância como uma oportunidade para pregar ou defender o evangelho.

5. Paulo aproveitou a prisão para escrever cartas que se tornaram imortais
Certamente a coisa que mais contribuiu para o progresso do evangelho foram estas cartas que Paulo escreveu da prisão (Efésios, Filipenses, Colossenses e Filemon). Estas cartas ainda são luzeiros a brilhar. Elas têm sido instrumento para levar milhões de pessoas a Cristo e edificar o povo de Deus ao longo dos séculos.

AS RECOMENDAÇÕES APOSTÓLICAS A UMA IGREJA AMADA

Referência: Filipenses 4.1-9


INTRODUÇÃO

A igreja de Filipos era a alegria e a coroa do ministério de Paulo. Aquela igreja nasceu num parto de dor, mas trouxe-lhe muitas alegrias. Foi a igreja que se associou com ele desde o início para socorrê-lo em suas necessidades. Foi uma igreja sempre presente e solidária.

Paulo, agora está fazendo suas últimas recomendações a essa igreja querida, a quem Paulo chama de “minha alegria e coroa”. Na língua grega há dois tipos diferentes de coroa: diadema significa “coroa real” e stefanos, “a coroa do atleta” que saía vitorioso dos jogos gregos. Esta era uma coroa de louros que o atleta recebia sob os aplausos da multidão que lotava o estádio. Ganhar esta coroa era a ambição suprema do atleta. Mas, também, stefanos era a coroa com que se coroava aos hóspedes quando participavam de um banquete nas grandes celebrações. Esta última palavra é a que Paulo usa neste texto.

É como se Paulo dissesse que os filipenses são a coroa de todas suas fadigas, esforços e empenhos. Ele era o atleta de Cristo e eles a sua coroa. É como se dissesse que no banquete final de Deus, os filipenses seriam a sua coroa festiva. Ralph Martin nessa mesma linha de pensamento diz que o ambiente escatológico de Filipenses 3.20,21 contribui para a bela metáfora de um prêmio celestial a ser concedido a Paulo por seu trabalho pastoral.

I. A FIRMEZA NO SENHOR, UMA NECESSIDADE IMPERATIVA (4.1)

O apóstolo Paulo ainda continua com o mesmo raciocínio. Porque os crentes são cidadãos do céu, eles devem ter coragem na terra para serem firmes. Na igreja de Filipos havia perigos internos e externos. A igreja estava sendo atacada por falsos mestres e por falta de comunhão. A heresia e a desarmonia atacavam a igreja. Existiam problemas internos e externos; doutrinários e relacionais. A igreja estava sendo atacada por fora e por dentro. Diante desses perigos, Paulo exorta a igreja a permanecer firme no Senhor.

A palavra grega que Paulo usa para “estar firmes” é stekete. Essa palavra era aplicada ao soldado que permanecia firme em seu ímpeto na batalha frente a um inimigo que queria superá-lo. Em vez de dar atenção aos falsos mestres ou se entregar às desavenças internas, a igreja deveria colocar a sua confiança no Senhor Jesus.

A igreja deve permanecer firme no Senhor por causa de sua herança (1.6) e vocação celestial (3.20,21). Ela deve permanecer firme a despeito da hostilidade dos legalistas (3.2) e dos libertinos (3.18,19). Deve permanecer firme diante dos sinais de desarmonia nos relacionamentos (2.3,4) e dos desacordos de pensamento (4.2).

II. A HARMONIA NO RELACIONAMENTO, UMA SÚPLICA INTENSA (4.2,3)

Paulo não somente advertiu os crentes de Filipos acerca de erros doutrinários (3.1-19), mas também acerca dos problemas de relacionamento (4.2,3). A desarmonia entre dois membros da igreja não era um problema de pequena monta para o apóstolo.

Evódia e Síntique eram duas irmãs que ocupavam posição de liderança na igreja, que havia se esforçado com Paulo no evangelho e cujos nomes estavam escrito no livro da vida, mas, agora, estavam em desacordo na igreja. Elas tinham nomes bonitos (Evódia significa “doce fragrância” e Síntique “boa sorte”), mas estavam vivendo de maneira repreensível.

Em vez de buscar os interesses de Cristo e da igreja, estavam lutando por causas pessoais. Estavam colocando o eu acima do outro. Em vez de seguir o exemplo de Cristo e de seus consagrados servos (2.5,17,20,30) estavam copiando aqueles que trabalhavam por vanglória e partidarismo (2.3,4). F. F. Bruce diz que o desacordo entre essas duas irmãs, não importando sua natureza, representava uma ameaça à unidade da igreja, como um todo.

Paulo solicita ajuda de um líder da igreja, que ele não nomeia, para auxiliá-las a fim de construírem pontes em vez de cavar abismos. Precisamos exercer na igreja o ministério da reconciliação em vez de jogar uma pessoa contra a outra. Precisamos aproximar as pessoas em vez de afastá-las. A igreja é um corpo e cada membro desse corpo deve trabalhar em harmonia com os demais para a edificação de todos.

Paulo exorta essas duas irmãs a pensarem concordemente no Senhor. Não podemos estar unidos a Cristo e desunidos com os irmãos. Não há comunhão vertical sem comunhão horizontal. A lealdade mútua é fruto da lealdade a Cristo. A irmandade humana é impossível sem o senhorio de Cristo. Ninguém pode estar em paz com Deus e em desavença com seus irmãos. Por isso, a desunião dos crentes num mundo fragmentado é um escândalo.

J. A. Motyer, comentando esta passagem bíblica, enumera algumas razões pelas quais os crentes devem viver unidos:

Em primeiro lugar, a desarmonia é contrária ao sentimento do apóstolo (4.1). Paulo se dirige a toda a igreja, dizendo que os crentes eram sua alegria e coroa. Ele chama aqueles irmãos de “amados” e “mui saudosos”. A divisão na igreja ergue muros onde deveríamos construir pontes; separa aqueles que devem permanecer sempre juntos.

Em segundo lugar, a desarmonia é contrária à fraternidade cristã (4.1). Paulo dirige-se à igreja total, chamando aqueles crentes de “irmãos”. Eles pertencem a uma só família, a um só rebanho, a um só corpo. Portanto, devem viver como tal.

Em terceiro lugar, a desarmonia é contrária à natureza da igreja (4.3). A igreja deve ser marcada pelo trabalho conjunto, pelo auxílio recíproco e pela esperança futura. Há uma realidade celestial acerca da igreja. O nome dos crentes está escrito no livro da vida e lá no céu não há divisão. A igreja na terra deve ser uma réplica da igreja do céu. A igreja que seremos deve ensinar a igreja que somos. Está contra a natureza da igreja confessar a unidade no céu e praticar desunião na terra. Todos os crentes, lavados no sangue do Cordeiro têm seus nomes escritos no livro da vida e serão introduzidos na cidade santa (Lc 10.17-20; Hb 12.22,23; Ap 3.5; 20.11-15). O fato de irmos morar juntos no céu deveria nos ensinar a viver em harmonia na terra.

III. A ALEGRIA, A MARCA DISTINTIVA DO POVO DE DEUS (4.4)

O apóstolo Paulo fala sobre três características da alegria:

Em primeiro lugar, a alegria é uma ordenança e não uma opção. Ser alegre é um mandamento e não uma recomendação. Deixar de ser alegre é uma desobediência a uma expressa ordem de Deus. O evangelho trouxe alegria, o reino de Deus é alegria, o fruto do Espírito é alegria e a ordem de Deus é: “alegrai-vos”.

Em segundo lugar, a alegria é ultra-circunstancial. Paulo diz que devemos nos alegrar sempre. Como a vida é um mosaico onde não faltam as cores escuras do sofrimento, nossa alegria não pode depender das circunstâncias. Na verdade, nossa alegria não é ausência de problemas. Não é algo que depende do que está fora de nós. Neste mundo passamos por muitas aflições, cruzamos vales escuros, atravessamos desertos esbraseantes, singramos águas profundas, mas a alegria verdadeira jamais nos falta.

Em terceiro lugar, a alegria é Cristocêntrica. Nossa alegria é uma pessoa e não ausência de problemas. Nossa alegria está centrada em Cristo. Quem tem Jesus experimenta essa verdadeira alegria. Quem não tem Jesus pode ter momentos de alegria, mas não a alegria verdadeira. Quem tem Jesus tem a alegria; quem não o tem, jamais a experimentou.

IV. A MODERAÇÃO, A DOCE RAZOABILIDADE A SER DEMONSTRADA (4.5)

O apóstolo Paulo fala à igreja sobre a necessidade de cuidarmos das nossas atitudes internas e das nossas reações externas. A moderação tem a ver com o controle do temperamento. Um crente não pode ser uma pessoa explosiva, destemperada e sem domínio próprio. Suas palavras precisam ser temperadas com sal, suas atitudes precisam edificar as pessoas e sua moderação precisa refletir o caráter de Cristo.

A palavra grega para moderação é epieikeia. William Hendriksen diz que não há em nossa língua uma única palavra que expresse toda a riqueza contida neste vocábulo grego. Essa palavra foi usada por Aristóteles para descrever aquilo que não apenas é justo, porém, melhor ainda do que a justiça. William Barclay diz que o homem que tem “moderação” é aquele que sabe quando não deve aplicar a letra estrita da lei, quando deve deixar a justiça e introduzir a misericórdia.

Epieikeia é a qualidade do homem que sabe que as leis e prescrições não são a última palavra. Jesus não aplicou a letra da lei em relação à mulher apanhada em flagrante adultério. Ele foi além da justiça. Ele exerceu a misericórdia. Ralph Martin nessa mesma trilha de pensamento escreve: “Moderação é uma disposição amável e honesta para com outras pessoas, a despeito de suas faltas, disposição essa inspirada na confiança que os crentes têm em que após o sofrimento terreno virá a glória celeste”.

Ser uma pessoa moderada é ter o espírito pronto para abrir mão da retaliação quando você é ameaçado ou provado por causa da sua fé. William Hendriksen corretamente afirma: “A verdadeira bem-aventurança não pode ser alcançada pela pessoa que rigorosamente insiste em seus direitos pessoais. Cristão é aquele que crê ser preferível sofrer a injustiça a cometer a injustiça (1Co 6.7)”.

Paulo diz que devemos ser moderados porque o Senhor está perto. O advérbio grego engys pode significar “perto” quanto a lugar ou quanto a tempo. O Senhor está ao nosso lado nas lutas e também o Senhor em breve virá para defender a nossa causa e nos recompensar. A razão desse espírito pacífico, não-abrasivo, portanto, não é fraqueza, ou o desinteresse em defender a posição legítima de alguém. Esta atitude covarde é condenada (1.27,28). Ao contrário, devemos ser moderados porque o Senhor virá para defender a nossa causa. Paulo diz: “Perto está o Senhor” (4.3).

V. A ANSIEDADE, UMA DOENÇA PERIGOSA (4.6)

A ansiedade é a maior doença do século. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, mais de cinqüenta por cento das pessoas que passam pelos hospitais são vítimas da ansiedade. A ansiedade atinge adultos e crianças, doutores e analfabetos, religiosos e ateus. Warren Wiersbe diz que a ansiedade é um pensamento errado e um sentimento errado a respeito das circunstâncias, das pessoas e das coisas. Ralph Martin diz que ansiedade é falta de confiança na proteção e cuidado de Deus.
Várias são as causas da ansiedade:

Em primeiro lugar, a ansiedade é resultado de olharmos para os problemas em vez de olharmos para Deus. Os crentes de Filipos não estavam vivendo num paraíso existencial, mas num mundo cercado de perseguições (1.28). O próprio Paulo estava preso, na ante-sala do martírio, com os pés na sepultura. Nuvens pardacentas se formavam sobre sua cabeça. Quando olhamos as circunstâncias e os perigos à nossa volta em vez de olharmos para o Deus que governa as circunstâncias, ficamos ansiosos.

Em segundo lugar, a ansiedade é resultado de relacionamentos quebrados. As pessoas nos fazem sofrer mais do que as circunstâncias. Nós desapontamos as pessoas e elas nos desapontam. As pessoas têm a capacidade de roubar a nossa alegria. Há pessoas que carregam uma alma ferida e são prisioneiras da amargura porque os relacionamentos estão estremecidos (2.1-4; 4.2).

Em terceiro lugar, a ansiedade é resultado de uma exagerada preocupação com as coisas materiais (3.19). Aqueles que só se preocupam com as coisas materiais vivem inquietos e desassossegados. Aqueles que põem sua confiança no dinheiro em vez de colocá-la em Deus descobrem que a ansiedade e não a segurança é sua parceira.

Três são os resultados da ansiedade:

Em primeiro lugar, a ansiedade produz uma estrangulação íntima. A palavra “ansiedade” traz idéia de estrangulamento. Ficar ansioso é como ser sufocado. É como cortar o oxigênio de uma pessoa e tirar dela a possibilidade de respirar. A ansiedade produz uma fragmentação existencial. A pessoa é rasgada ao meio. Ela produz uma esquizofrenia emocional. A pessoa ansiosa perde o equilíbrio. Warren Wiersbe diz que a palavra “ansiedade” significa ser “puxado em diferentes direções”. As nossas esperanças puxam-nos numa direção; os nossos temores puxam-nos na direção oposta; assim, ficamos rasgados!

Em segundo lugar, a ansiedade rouba as nossas forças. Uma pessoa ansiosa normalmente antecipa os problemas. Ela sofre antecipadamente. O problema ainda não aconteceu e ela já está sofrendo. A ansiedade rouba a energia antes de o problema chegar. E quando o problema chega; se chegar, a pessoa já está fragilizada.

Em terceiro lugar, a ansiedade é uma eloqüente voz da incredulidade. A ansiedade é a incapacidade de crer que Deus está no controle. A ansiedade ocupa o nosso coração quando tiramos os olhos da majestade de Deus para colocá-los na grandeza dos nossos problemas.

VI. A ORAÇÃO, O REMÉDIO DIVINO PARA A CURA DA ANSIEDADE (4.6)

Deus não apenas dá uma ordem: “Não andeis ansiosos”, mas oferece a solução. Não apenas diagnostica a doença, mas também oferece o remédio. Se a ansiedade é uma doença, a oração é o remédio. William Hendriksen diz que o antídoto adequado para a ansiedade é abrir efusivamente o coração a Deus.

Lidamos com a ansiedade não com livros de auto-ajuda, mas com a ajuda do alto. Triunfamos sobre ela não batendo no peito arrotando uma arrogância ufanista, mas caindo de joelhos e lançando sobre Cristo nossa ansiedade. Onde a oração prevalece, a ansiedade desaparece. William Barclay corretamente afirma: “Não existe nada demasiadamente grande para o poder de Deus nem demasiadamente pequeno para seu cuidado paternal”.

O remédio de Deus deve ser usado de acordo com a prescrição divina. Paulo fala sobre três palavras para descrever a oração: oração, súplica e ações de graça. A oração envolve esses três elementos.

Em primeiro lugar, Paulo diz que precisamos adorar a Deus quando oramos. A palavra grega proseuche é o termo genérico para oração. Essa palavra é um termo geral usado para se referir às petições que fazemos ao Senhor. Tem a conotação de reverência, devoção e adoração. Sempre que nos vemos ansiosos, a primeira coisa a fazer é ficar sozinhos com Deus e adorá-lo. Precisamos saber que Deus é grande o suficiente para resolver os nossos problemas. A oração começa quando focamos nossa atenção em Deus e não em nós. O ponto culminante da oração é relacionamento com Deus mais do que pedir coisas a Deus. Orar é estar em comunhão com o Rei do Universo. Adoramos a Deus por quem ele é. Em vez de ficarmos ansiosos, devemos meditar na majestade de Deus e descansar nos seus braços. Se Deus é quem ele é, e se ele é o nosso Pai, não precisamos ficar ansiosos.

Em segundo lugar, Paulo diz que podemos apresentar a ele nossas necessidades quando oramos. A palavra grega deesis, enfatiza o elemento de petição, a súplica em oração. Devemos apresentar todas as nossas necessidades a Deus em oração em vez de acumular o peso da ansiedade em nosso coração. O próprio Senhor Jesus nos ensinou: “Pedi e dar-se-vos-á...” e “Tudo quanto pedirdes em meu nome, eu o farei”. Tiago escreveu: “Nada tendes, porque nada pedis”.

Em terceiro lugar, Paulo diz que devemos agradecer a Deus quando oramos. Devemos olhar para o que Deus já fez por nós para não ficarmos ansiosos (Sl 116.7). Mas, devemos agradecer também pelo que Deus vai fazer. Deus desbarata os nossos inimigos quando nos voltamos para ele com ações de graça (2Cr 20.21). O próprio Paulo quando plantou a igreja em Filipos foi açoitado e preso. Não obstante a dolorosa circunstância agradeceu a Deus, cantando louvores na prisão (At 16.25). Quando o profeta Daniel foi vítima de uma orquestração na Babilônia, longe de ficar ansioso, orou a Deus com súplicas e ações de graça (Dn 6.10,11). Daniel foi capaz de passar a noite com os leões em perfeita paz, enquanto o rei no seu palácio não conseguiu dormir (Dn 6.18).

VII. A PAZ DE DEUS, UMA BÊNÇÃO A SER RECEBIDA (4.7)

Pela oração, a paz de Deus ocupa o lugar que antes a ansiedade tomava conta. A oração aquieta o nosso interior e muda o mundo ao nosso redor. Por meio dela nos elevamos a Deus e trazemos o céu à terra. A ansiedade é um pensamento errado e um sentimento errado, por isso, a paz de Deus guarda mente e coração. O mesmo coração que estava cheio de ansiedade, pela oração, agora está cheio de paz. F. F. Bruce diz que a paz de Deus pode significar não apenas a paz que ele mesmo concede, mas a serenidade em que o próprio Deus vive: Deus não está sujeito à ansiedade.

O apóstolo destaca três verdades importantes sobre a paz:

1. A paz que recebemos é uma paz divina e não humanas (4.7)
É a paz de Deus. A paz de Deus não é paz de cemitério. Não é ausência de problemas. Esta paz não é produzida por circunstâncias. O mundo não conhece essa paz nem pode dá-la (Jo 14.27). Governos humanos não podem gerar essa paz. Esta paz vem de Deus. Bruce Barton afirma: “A verdadeira paz não é encontrada no pensamento positivo, na ausência de conflito, ou em bons sentimentos; ela procede do fato de saber que Deus está no controle”.

2. A paz de Deus transcende a compreensão humana (4.7)
Esta paz é transcendente. Ela vai além da compreensão humana. A despeito da tempestade do lado de fora, podemos desfrutar bonança do lado dentro. Ela co-existe com a dor, com as lágrimas, com o luto e com a própria morte. Esta é a paz que os mártires sentiram diante do suplício e da morte. Esta é a paz que Paulo sentiu ao caminhar para a guilhotina, dizendo: “A hora da minha partida é chegada. Combati o bom combate, completei a carreira e guardei a fé. Agora, a coroa da justiça me está guardada...” (2Tm 4.6-8).

3. A paz de Deus é uma sentinela celestial ao nosso redor (4.7)
A palavra grega frourein é um termo militar para estar em guarda. Assim, “guardar” traz a idéia de uma sentinela, um soldado na torre de vigia, protegendo a cidade. A paz de Deus é como um exército protegendo-nos dos problemas externos e dos temores internos. Paulo diz que esta paz guarda os nossos corações (sentimentos errados) e nossas mentes (pensamentos errados), as nossas emoções e a nossa razão. William Hendriksen comentando este texto, escreve:

Os filipenses estavam acostumados a ver as sentinelas romanas a montarem guarda. Assim também, se bem que num sentido muitíssimo mais profundo, a paz de Deus montará guarda à porta do coração e da mente. Ela impedirá que a torturante angústia corroa o coração, que é o manancial da vida (Pv 4.23), a fonte do pensamento (Rm 1.21), da vontade (1Co 7.37) e do sentimento (1.7). O homem de fé e oração tem-se refugiado naquela inexpugnável cidadela da qual ninguém jamais poderá arrancá-lo; e o nome dessa fortaleza é Jesus Cristo.

Ralph Martin comenta que o uso que Paulo faz de um verbo militar demonstra que ele está pensando na segurança da igreja, e seus membros, num ambiente hostil, cercados de inimigos.

VIII. O PENSAMENTO, UMA ÁREA ESTRATÉGICA A SER GUARDADA (4.8)

Pensamentos errados levam a comportamento errado e comportamento errado leva a sentimento errado. Por isso, devemos levar todo pensamento cativo à obediência de Cristo (2Co 10.5). As nossas maiores batalhas são travadas no campo da mente. Nessa trincheira a guerra é ganha ou perdida. O homem é aquilo que ele pensa. Precisamos fechar os portais da nossa mente para o que é vil e abrir suas janelas para o que é verdadeiro, justo, amável e de boa fama. Precisamos jogar para o sacrário da nossa mente o que é elevado e esvaziar todos os porões da nossa mente de tudo aquilo que é impróprio.

Somos aquilo que registramos em nossa mente. Se nós arquivarmos em nossa mente coisas boas, de lá tiraremos tesouros preciosos, mas se tudo o que depositamos lá são coisas malsãs, não poderemos tirar de lá o que é proveitoso. Paulo faz uma lista daquilo que deve ocupar os nossos pensamentos:

Em primeiro lugar, tudo o que é verdadeiro. A palavra grega alethe pode significar “verdade” em oposição àquilo que é irreal, insubstancial, ou “verdade” em oposição à falsidade. Noventa e dois por cento de tudo aquilo que ocupa a mente das pessoas, levando-as à ansiedade são coisas imaginárias que nunca aconteceram ou envolvem questões fora do controle das pessoas. F. F. Bruce diz que a ordem de Paulo poderia tratar-se de uma advertência contra indulgência mental em fantasias ou difamações infundadas. Tudo o que é verdadeiro, aqui, possui as qualidades morais de retidão e confiança, de realidade em contraposição à mera aparência.

Em segundo lugar, tudo o que é respeitável. A palavra grega é semnos, e traz a idéia de alguém que vive neste mundo com uma profunda consciência de que o universo inteiro é um santuário e tudo o que ele faz deve ser um culto a Deus. A mente que se concentra em assuntos desonestos corre o perigo de tornar-se desonesta. Honestidade é o contrário da duplicidade de caráter que avilta a moral, sendo incompatível com a mente de Cristo. Os crentes devem ser dignos e sinceros tanto em suas palavras quanto em seu comportamento. O decoro nas conversações, nos costumes e na moral é muito importante, diz William Hendriksen.

Em terceiro lugar, tudo o que é justo. A palavra grega dikaios enfatiza aqui uma correta relação com Deus e com os homens. Tendo recebido de Deus tanto a justiça imputada quanto a comunicada, os crentes devem pensar com retidão, diz Hendriksen. William Barclay diz que essa é a palavra do dever assumido e do dever cumprido. O reverso disso nós o encontramos no homem iníquo que “maquina o mal na sua cama”, a fim de executá-lo depois, à luz do dia (Am 8.4-6).

Em quarto lugar, tudo o que é puro. A palavra grega hagnos descreve o que é moralmente puro e livre de manchas. Ritualmente descreve algo purificado de tal maneira que se faz apto para ser oferecido a Deus e usado em seu serviço. Pureza de pensamento e de propósito é condição preliminar indispensável para a pureza na palavra e na ação, diz F. F. Bruce.

Em quinto lugar, tudo o que é amável. A palavra grega prosphiles traz o significado de agradável, aquilo que suscita amor. Trata-se de algo que se auto-recomenda pela atração e encanto intrínsecos. São aquelas coisas que proporcionam prazer a todos, não causando dissabor a ninguém, à semelhança de uma fragrância preciosa, diz F. F. Bruce.

Em sexto lugar, tudo o que é de boa fama. A palavra grega euphemos significa literalmente “falar favoravelmente”. No mundo há demasiadas palavras baixas, falsas e impuras. Nos lábios do cristão e em sua mente devem existir somente palavras que são adequadas para ser ouvidas por Deus.

Em sétimo lugar, se alguma virtude há e se algum louvor existe seja isso que ocupe o vosso pensamento. Ao invés de continuar sua seleção, Paulo resume, agora: “se alguma virtude há”, do grego arete, cujo significado é: “virtude moral” e “se algum louvor existe”, do grego epainos, “aquilo que merece louvor ou que inspira a aprovação divina”. Ambos os termos descrevem as qualidades que devem marcar as atitudes e ações dos crentes.

IX. A PRÁTICA, A EVIDÊNCIA DE UMA VIDA AUTÊNTICA (4.9)

Warren Wiersbe diz que não é possível separar atos exteriores de atitudes interiores. Há uma íntima conexão entre: “Seja isso que ocupe o vosso pensamento” (4.8) e “praticai” (4.9). A dinâmica do cristianismo deriva-se da união destes dois imperativos. Tais imperativos estão corporificados na coleção de qualidades éticas (4.8), nas tradições apostólicas (4.9a), e nos ensinos exemplificados na própria vida de Paulo (4.9b).

Paulo considera quatro atividades: aprender e receber, ouvir e ver. Uma coisa é aprender a verdade e outra bem diferente é recebê-la e assimila-la. Não basta ter fatos na cabeça, é preciso ter verdade no coração. Ao longo do seu ministério, Paulo não apenas ensinou a Palavra, mas também a viveu na prática para que seus ouvintes pudessem vê-la em sua vida. Há uma íntima relação entre a palavra e a pessoa que a pronuncia.

O apóstolo Paulo conclui esse parágrafo falando da necessidade de se praticar o que se aprendeu. Acumular conhecimento sem o exercício da vida cristã não nos torna crentes maduros. Precisamos ter olhos abertos para ver, ouvidos atentos para aprender e disposição para praticar aquilo que aprendemos.

Paulo, igualmente, mostra que devemos ser criteriosos acerca dos nossos modelos. Não devemos imitar os falsos mestres. Não devemos seguir as pegadas daqueles vivem desregradamente nem seguir o exemplo daqueles que vivem buscando seus próprios interesses. Ao contrário, Paulo se coloca como exemplo para os crentes de Filipos (3.17; 4.9). Paulo entende que o exemplo pessoal é parte essencial do ensino. O mestre deve praticar a doutrina que professa e demonstrar em ação a verdade que expressa em palavras.

CONCLUSÃO

A conclusão do apóstolo Paulo é majestosa. Além de termos a paz de Deus para nos guardar, agora temos o Deus da paz para nos guiar. Não apenas temos uma harmonia bendita em lugar da ansiedade, mas temos também a companhia divina na caminhada.

Corretamente Bruce Barton diz que muitas pessoas hoje procuram ter paz com Deus sem ter um relacionamento com Deus, que é o autor da verdadeira paz. Isso, porém, é impossível. Para experimentar a paz, precisamos primeiro conhecer o Deus da paz.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

O NOME MAIS PODEROSO DO MUNDO

Referência: Filipenses 2.9-11

INTRODUÇÃO

1. O nome na Bíblia tem um significado profundo. O nome representa totalmente a pessoa nominada. O nome de uma pessoa tinha a ver com sua história, seus atributos, sua missão. Hoje vamos falar sobre o Nome de Jesus. Qual o seu valor? Qual o seu poder? Qual a sua autoridade? Quais os seus direitos?
2. Vamos observar que Jesus nos deu a procuração, o direito legal de usarmos o seu nome. Mal o qual o valor dessa procuração? Tudo quanto está atrás desse nome: sua autoridade, seu poder. Tudo quanto Jesus tem e conquistou está investido no seu nome. Podemos usar o seu nome. Tudo quanto está investido no nome de Jesus pertence à igreja.

I. A GRANDEZA INCOMPARÁVEL DO NOME DE JESUS

• Existem três formas de um homem ter um grande nome: 1) Por herança; 2) Por doação; 3) Por conquista. O nome de Jesus é o mais excelente por essas três causas.

1. Por herança – Hb 1:4
• “Tendo se tornado tão superior aos anjos, quanto herdou mais excelente nome do que eles” (Hb 1:4).
• Como Filho, ele é o herdeiro de todas as coisas. Ele é o resplendor da glória e a expressão exata do ser de Deus.
• Quando herdou todas as coisas? Não foi no céu. No céu ele já tinha todas as coisas. Ele herdou todas as coisas quando se fez carne, quando se humilhou, quando se esvaziou até à morte e morte de cruz, quando suportou a feiúra do nosso pecado, quando deu sua vida por nós e depois ressuscitou dentre os mortos.
• Então, ele herdou mais excelente nome do que os anjos e todos os anjos de Deus o adoram.

2. Por doação – Fp 2:9-11
• “Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho no céu, na terra e debaixo da terra” (Fp 2:9-11).
• Em Efésios 1:20-21, Paulo diz que quando Deus o ressuscitou dos mortos, o fez assentar à sua direita nos lugares celestiais, acima de todo principado, e potestade, e poder, e domínio e de todo nome que se referir, não só no presente século, mas também no vindouro.
• Deus não somente lhe deu um nome diante do qual todo ser nos três mundos devem curvar-se e confessar seu senhorio, mas Deus também o assentou no lugar mais alto do universo, à sua própria destra e fez com que ele fosse cabeça sobre todas as coisas.
• Esse glorioso NOME nos pertence. O céu, a terra e o inferno reconhecem o que Jesus fez. Tudo quanto Jesus fez, toda a autoridade, todo o poder, a totalidade de suas realizações acham-se em seu NOME e temos o direito legal de usar esse nome e hoje ESSE NOME tem o mesmo poder!

3. Por conquista – Cl 2:15
• “E despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz” (Cl 2:15).
• Jesus está à destra de Deus, acima de todo principado, e potestade, e poder, e domínio e de todo nome que se possa referir, mediante sua conquista destes principados.
• Ele reduziu a nada os principados e potestades. Os principados e potestades contra os quais lutamos são os mesmos que Jesus venceu, despojou e aniquilou na cruz. Por isso Jesus diz: “Em meu nome expulsarão demônios”.
• Jesus enfrentou Satanás e suas hostes e os venceu. A vitória que Jesus ganhou está incluída no seu nome. E o nome de Jesus nos pertence. O NOME quando o utilizamos, tornará real em nossa vida aquilo que Jesus já realizou. Quando você tomar posse de tudo que está detrás DESSE NOME, então, você triunfará e você colocará o diabo em fuga!

II. A AUTORIDADE SUPREMA DO NOME DE JESUS

• Jesus revelou-se a João na Ilha de Patmos, dizendo: “Eu sou o primeiro e o último, e aquele que vive; estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos, e tenho as chaves da morte e do inferno” (Ap 1:17,18).
• Aquele que tem a chave é a pessoa autorizada, aquela que detém o poder e a autoridade.
• Jesus diz: “Toda autoridade me foi dada no céu e na terra, ide portanto, fazei discípulos de todas as nações” (Mt 28:18-20). E ele acrescenta: “Estes sinais hão de acompanhar aqueles que crêem: em meu nome expulsarão demônios, falarão novas línguas, pegarão em serpentes; e, se alguma cousa mortífera beberem, não lhes fará mal; se puserem as mãos sobre os enfermos, eles ficarão curados” (Mc 16:17,18).
• EM MEU NOME. Ele nos autorizou. Ele nos deu seu Nome. Ele nos deu o NOME que é reconhecido em três mundos: o nome que tem autoridade no céu, na terra e no inferno. Os anjos, os homens e os demônios têm que se curvar diante deste nome e este nome pertence à igreja.
• Alguém objeta e diz: Ah! Mas o nome de Jesus só pertencia à igreja primitiva. Não, diz o texto que esses sinais hão de acompanhar os que crêem.
• Se o nome de Jesus não nos pertence mais, então, ninguém pode ser salvo, porque não há salvação em nenhum outro Nome!
• A igreja é o povo mais forte do mundo. Sua riqueza é maior do que todos os tesouros da terra. Ela tem O NOME de Jesus. Às vezes vivemos um profunda pobreza espiritual deixando de usufruir a riqueza que há no me de Jesus. Ilustração: O homem que esmolava à beira da estrada sobre uma pedra, onde havia escondido um tesouro.

1. O Nome de Jesus é possessão da Igreja – At 3:6
• Jesus deu seu nome à igreja. Os crentes primitivos sabiam que possuíam e o usavam. Pedro e João foram ao templo orar e o paralítico pede-lhes esmolas. Pedro lhe diz: “Não possuo nem prata nem ouro, mas o que eu tenho, isso te dou: Em nome de Jesus Cristo, o nazareno, anda!” (At 3:6).
• Os judeus perguntaram com que poder ou em nome de quem fizeram este milagre? (At 3:11-12). Pedro respondeu: “Pela fé em o nome de Jesus, é que esse mesmo nome fortaleceu e este homem que agora vedes e reconheceis; sim, a fé que vem por meio de Jesus deu a este saúde perfeita na presença de todos vós” (At 3:16).
• A igreja hoje parece que não sabe que possui O NOME DE JESUS e por isso vive uma vida tão pobre espiritualmente. Ilustração: Spurgeon visita uma mulher idosa e enferma num casebre de táboas no subúrbio de Londres. Ela havia servido por 50 anos uma dama da nobreza. Viu na parede um quadro emoldurado. Era o documento de doação – de herança de uma casa e dinheiro para toda a sua vida!
• Pedro sabia o que lhe pertencia quando curou o paralítico: “O que tenho, isso te dou: Em nome de Jesus anda!”
• Você diz: Ah, mas isto era apenas para Pedro, para os apóstolos. Não. O nome de Jesus foi dado para todos os que crêem.

2. A autoridade do Nome de Jesus na Salvação – At 4:12
• Não há salvação, a não ser no NOME de Jesus.
• Mt 1:21: “E lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo de seus pecados”.
• At 4:12: “E não há salvação em nenhum outro nome dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos”.
• At 2:21: “E acontecerá que todo aquele que invocar o Nome do Senhor será salvo”.
• 1 Jo 2:12: “Filhinhos, eu vos escrevo, porque os vossos pecados são perdoados, por causa do seu Nome”.
• Ilustração: Czar pode pagar! (O jogador endividado, assentado à mesa, bebendo, fez as contas e percebeu que jamais poderia pagar sua dívida. Pegou o revólver para se matar e fez a pergunta: Quem pode pagar tanto?

3. A autoridade do Nome de Jesus na Oração
• Jo 16:23: “Em verdade, em verdade vos digo se pedirdes alguma coisa ao Pai, ele vo-la concederá em Meu Nome”.
• Jo 16:24: “Até agora, nada tendes pedido em meu Nome; pedi e recebereis, para que a vossa alegria seja completa”.
• Jo 14:13: “E tudo quanto pedirdes em meu nome, isso farei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho”.
• Jesus endossará nosso pedido e o Pai o dará a nós. Isso coloca a oração numa base puramente legal. Nossas orações são respondidas por causa do Nome de Jesus. Elas são atendidas por causa do méritos de Jesus.
• Ilustração: é como se Jesus assinasse o cheque e nós o recebêssemos. O caixa não paga o cheque por causa dos méritos de quem o leva, mas por causa do crédito de quem o assinou.
• O Pai sempre ouve a Jesus. Quando oramos em Nome de Jesus é como se o próprio Jesus estivesse orando. Ele toma o nosso lugar. Ele está nos dando um cheque assinado, cobrável nos recursos do céu e nos convida a preenchê-lo. Quanto pode o seu Jesus? Que recursos ele tem? Nossas orações podem ser mais ousadas. Veja como Paulo orou em Efésios 3:14-21!

4. A autoridade do Nome de Jesus na libertação dos cativos – Lc 10:17
• Temos autoridade no Nome de Jesus contra todos os poderes das trevas. Temos autoridade contra todos os principados e potestades, pois Jesus já os anulou na cruz e temos o nome de Jesus! A vitória já foi conquistada na cruz!
• Os discípulos voltam de uma campanha evangelística e dizem para Jesus: “Senhor, os próprios demônios se nos submetem pelo TEU NOME” (Lc 10:17).
• Jesus disse para os seus discípulos: “Em meu nome expulsarão demônios” (Mc 16:17). Ilustração: Precisamos ter duas coisas: discernimento (Esquizofrenia catatônica) e conhecimento do poder que há no nome de Jesus (a criança possessa em meu gabinete).
• Jesus não disse que apenas os apóstolos ou os pastores ou os carismáticos expulsarão demônios. Esses sinais acompanharão aos que crêem.
• Precisamos conhecer o poder do Nome de Jesus para libertar os oprimidos, os cativos e os possessos num país onde tantas pessoas vivem presas à feitiçaria, idolatria e possessão demoníaca.
• Ilustração: O seminarista de Recife em Aracajú e a mulher possessa.

5. A autoridade do Nome de Jesus para curar os enfermos – Mc 16:18
• Mc 16:18: “Em meu nome... se impuserem as mãos sobre enfermos, eles ficarão curados”.
• Pedro disse para o paralítico: “O que eu tenho, isso te dou: em nome de Jesus Cristo, o nazareno, anda!” (At 3:6).
• At 4:8,10: “Autoridades do povo e anciãos, tomai conhecimento, vós todos e todo o povo de Israel, de que, em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, a quem vós crucifacastes, e a quem Deus ressuscitou dentre os mortos, sim, em seu nome é que este está curado perante vós”.
• At 4:29,30: “Agora, Senhor, olha para as suas ameaças e concede aos teus servos que anunciem com toda a intrepidez a tua palavra, enquanto estendes a mão para faxer curas, sinais e prodígios por intermédio do nome do teu santo Servo Jesus”.
• Tiago 5:14,15: “Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e esetes façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo, em nome do Senhor. E a oração da fé salvará o enfermo, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados”.
• Dois extremos: Não crer que Cristo cura mais hoje e crer que todos os enfermos serão curados. Ainda achar que os crentes não ficam doentes e se ficam necessasriamente serão curados.

6. Tudo em nome de Jesus – v. Cl 3:17
• Cl 3:17: “E tudo o que fizerdes, seja em Palavra ou seja em ação, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por isso graças a Deus Pai”.
• SE você varrer o chão, varra-o em nome de Jesus.
• SE você ler um livro, leia-o em nome de Jesus.
• SE você fizer uma viagem, faça-a em nome de Jesus.
• SE você fizer um negócio, faça-o em nome de Jesus.
• SE você namorar, namore em nome de Jesus.
• SE você casar, case-se em nome de Jesus.
• SE você cantar um hino, cante em nome de Jesus.
• Os cristãos primitivos faziam tudo em nome de Jesus. Eles pregavam o Nome de Jesus. Atos 4:16-18: “... ameacemo-los para não mais falarem no nome de Jesus”. Atos 5:28: “Expressamente vos ordenamos que não mais ensinásseis nesse nome”. Atos 5:40,41: “Chamando os apóstolos, açoitaram-nos e ordenando-lhes que não falassem em o nome de Jesus, os soltaram. E eles se retiraram do sinédrio regozijando-se por terem sido considerados dignos de sofrer afrontas por ESSE NOME.

CONCLUSÃO

• Viver em nome de Jesus, no poder de Jesus é viver sobrenaturalmente. O Cristianismo normal é o Cristianismo sobrenatural, pois o nome de Jesus nos pertence. E o nome de Jesus tem todo poder no céu, na terra e no inferno. Tudo está debaixo do nome de Jesus. Tudo que o Pai tem pertence ao Filho. Jesus disse: “Tudo o que Pai tem é meu” (Jo 16:15). Tudo que Jesus tem pertence à igreja. Tudo nos pertence em nome de Jesus.
• O apóstolo João diz: “Aquele que tem o Filho tem a vida”.
• Ilustração: O leilão dos quadros famosos. Aquele que tem o Filho tem tudo!

PATRÕES E EMPREGADOS

Referência: Efésios 6.5-9

INTRODUÇÃO

1. A Escravidão no Império Romano
• A escravidão parece ter sido universal no mundo antigo. Uma alta porcentagem da população do Império Romano consistia em escravos. Havia cerca de 60 milhões de escravos. Eles constituíam a força de trabalho e incluíam não somente os empregados domésticos e os trabalhadores manuais, mas também pessoas cultas, tais como médicos, professores e administradores.
• Os escravos não tinham direitos. Eram meras propriedades de seus senhores, existindo apenas para o conforto, conveniência e prazer dos seus donos.
• Os servos podiam ser herdados ou comprados. Os prisioneiros de guerra geralmente tornavam-se escravos.
a) A impessoalidade dos escravos – Legalmente o escravo não era uma pessoa, mas uma coisa. Aristóteles dizia que não podia haver nenhuma amizade entre um senhor e um escravo, visto que um escravo é apenas uma ferramenta viva, assim como uma ferramenta é um escravo inanimado. Um escravo era uma espécie de propriedade que tem alma. Os escravos velhos e doentes eram abandonados sem alimento e entrgues à morte. Eram como uma ferramenta imprestável.
b) A desumanização dos escravos – A legislação romana dizia que os escravos eram apenas bens móveis sem direitos, aos quais o seu senhor podia tratar virtualmente cmo quisesse. O Patria Famílias dava direito ao senhor de castigar, confinar e matar os seus escravos. Os escravos eram torturados, mutilados, seus dentes eram arrancados, seus olhos vazados, eram jogados às feras ou crucificados.

2. Como os apóstolos trataram a questão da escravidão
• Os apóstolos não se consideravam reformadores sociais. Eram, antes de tudo, arautos das boas novas da salvação em Cristo. Todavia, não fecharam os olhos à escravidão. Na verdade, anunciavam os verdadeiros princípios (como o da absoluta igualdade espiritual entre senhores e escravos), que acabou destruíndo essa terrível mancha da civilização.
• O Cristianismo provocou não uma revolução política, social e econômica, mas uma revolução moral e espiritual. Se o cristianismo tivesse se envolvido com causas políticas, antes que espirituais, ele teria sufocado com sangue a religião nascente. O evangelho realizou obra mais nobre. O procedimento dos apóstolos para com esse mal social foi semelhante ao de um lenhador que tira a casca da árvore e a deixa morrer.
• Os textos de Efésios 6:5-9; Colossenses 3:22-4:1; Filemon 16; Tiago 5:1-6 minam as bases da escravidão.

3. O triunfo do Cristianismo sobre a escravidão
• Foi a religião cristã que apagou essa mancha da civilização. Os reformadores trataram da questão do mistério do pobre e do ministério do rico. A pregação dos avivalistas Wesley e Whitefield resultaram na abolição da escravatura na Inglaterra. Wilberforce na Inglaterra acaba com a escravidão. A guerra civil nos Estados Unidos acaba com a escravidão com a vitória dos estados do norte sobre os estados do sul. No Brasil, a escravidão é vencida em 1888. Em nenhuma país cristão, a escravidão pode prevalecer.
• Em Efésios 6:5-9 Paulo mostra três aspectos de um relacionamento transformado que liquidou com a escravidão: 1) Igualdade – v. 9 – Diante de Deus, os senhores e os escravos eram iguais. 2) Justiça – v. 9 – “De igual modo procedei com eles” (Colossenses 3:22-4:1). 3) Fraternidade – Fm 16 – “Não já como escravo; antes, muito acima de escravo, como irmão caríssimo”. Assim, a escravidão foi abolida a partir de dentro.

I. O DEVER DOS EMPREGADOS EM RELAÇÃO AOS SEUS PATRÕES – V. 5-8

A. Como se deve exercer a obediência – v. 5-7

1. Os empregados devem ser respeitosos – v. 5
• “Obedecer com tremor e temor” não significa um terror servil; mas antes o espírito de solicitude de quem possui o verdadeiro sentido de responsabilidade. É o cuidado de não deixar nenhum dever sem ser cumprido. Paulo não aconselha os escravos se rebelarem, mas serem cristãos onde estão. O cristianismo não é um escape das circunstâncias, mas sua transformação.

2. Os empregados devem ser íntegros – v. 5
• “Singeleza de coração” refere-se a fazer o trabalho com realismo, sem duplicidade e sem fingimento. É agir com integridade e sinceridade, sem hipocrisia ou segundas intenções. Fazer um bom trabalho é a vontade de Deus. Não existe dicotomia entre o secular e o sagrado. Quando você é um bom funcionário, isso redunda em glória ao nome de Cristo. Esta é uma liturgia que agrada a Deus. O empregado precisa ser honesto. Honrar a sua empresa.

3. Os empregados devem ser coerentes espiritualmente – v. 5
• “Como ao Senhor” significa que o empregado deve encarar a obediência ao seu senhor terreno como uma espécie de serviço prestado ao próprio Senhor Jesus. Esta é a essência da submissão da esposa ao marido, dos filhos aos pais e dos empregados aos patrões. Eles devem obedecer porque são servos de Cristo. Eles devem ser leais aos seus patrões por causa do compromisso que têm com o senhorio de Cristo.
• Um empregado crente, mas infiel, que faz corpo mole, que trai o seu patrão, a sua empresa, que não dá o melhor de si, está traindo o próprio Senhor Jesus. A convicção do trabalhador crente é que cada trabalho que realiza deve ser suficientemente bom como para apresentá-lo ao Senhor. É uma liturgia ao Senhor. O crente deve trafegar da empresa para o templo com a mesma devoção.
• O problema do trabalho e da relação patrão-empregado mais do que um problema econômico, é um problema espiritual.

4. Aspecto Negativo: Os empregados não precisam ser vigiados – Eles têm respeito próprio – v. 6
• Paulo combate aqui o pecado da preguiça. Eles não precisam ser vigiados para fazer o seu melhor. O propósito deles não é bajular o patrão. Eles têm dignidade e respeito próprio. O empregado honesto não trabalha apenas quando o patrão está olhando. Eles sabem que Jesus está olhando e é a Jesus que querem agradar. Eles não se satisfazem com trabalho mal feito.

5. Aspecto Positivo: Os empregados servem aos seus patrões de boa vontade – Como se estivessem servindo a Cristo – v. 7
• Paulo combate aqui o pecado da desonestidade. O empregado crente considera-se escravo de Cristo e por isso tudo o que faz, o faz com toda a sua alma e alegremente. Seu coração e alma estão no seu serviço. Ele sabe que o Senhor é também o seu juiz.

B. Incentivo à obediência – v. 8

• A expressão “certos de que” tem força causal e estimula a realização do desempenho fiel do escravo. Todo o bem que você fizer voltará a você (Ef 6:8). Deus é o galardoador. Também todo o mal que você fizer, voltará a você (Cl 3:25). O que você semear isso você vai colher (Gl 6:7). Nós devemos servir em última instância a Cristo e não aos homens. Nós iremos receber a nossa recompensa de Cristo e não dos homens.

II. O DEVER DOS PATRÕES EM RELAÇÃO AOS SEUS EMPREGADOS – V. 9

• As obrigações não estão apenas do lados dos escravos e dos empregados. Os senhores e patrões também têm deveres. Isso era abolutamente revolucionário nos dias de Paulo. O verso 9 contém três coisas: um princípio, uma proibição e um estímulo.

1. Um Princípio- O princípio da igualdade diante de Deus – v. 9a
• “Vós, senhores, de igual modo, procedei com eles”. Se você patrão espera receber respeito, demonstre respeito; se espera receber serviço, preste serviço. É uma aplicação da regra áurea: “Assim como quereis que os homens vos façam, fazei vós também a eles” (Lc 6:31). Paulo não admite nenhuma superioridade privilegiada nos senhores, como se eles mesmos pudessem deixar de mostrar a própria cortesia que desejam receber.
• O patrão deve entender que apesar de ser patrão, ele não deixa de ser servo de Deus. Deus é o seu juiz. Ele vai prestar conta. Se o patrão espera o melhor do seu empregado, deve fazer também o melhor para ele. O patrão não pode explorar os seus empregados.
• O problema do trabalho ficaria resolvido se tanto empregado como patrão observasse a Palavra de Deus.

2. Uma Proibição – Não façam ameaças – v. 9b
• No tempo de Paulo os escravos viviam debaixo de um clima de medo a ameaças. O patrão crente precisa abandonar essa prática de ameaçar os seus empregados. Os empregados devem ser tratados com bondade, respeito e nunca com violência ou humilhação.
• Eric Fromm fala de dois tipos de autoridade: imposta e adquirida. Você apanha mais moscas com uma gota de mel do que com um barril de fel. Relacionamento respeitoso é um básico elemento motivacional. Um empregado motivado produz mais.
• A autoridade dos maridos, pais e patrões é uma oportunidade para servir e cuidar e não para oprimir. Humilhar, oprimir, ameaçar um empregado por ele ser mais fraco é um grave pecado aos olhos de Deus.
• Um patrão pode esmagar o empregado pagando-lhe um salário de fome ou retendo fraudulentamente o seu salário – Tiago 5:1-6.

3. Um Incentivo – Tanto patrões como empregados têm o mesmo Senhor no céu – 9c
• Os patrões crentes são responsáveis diante de Deus pelo modo como tratam os seus empregados. Eles não são superiores nem melhores aos olhos de Deus. Tanto eles como seus empregados ajoelham-se diante do mesmo Senhor que não faz acepção de pessoas. Deus não demonstra parcialidade ou favoritismo.
• Muitos homens que governaram foram servos antes de serem líderes: José, Moisés, Josué, Davi, Neemias. Antes de você se tornar um líder precisa aprender a ser servo. Um provérbio africano diz: “O chefe é o servo de todos”. Jesus diz que aquele que quiser ser grande entre vós, seja servo de todos (Mt 20:27).
• O patrão que se esquece que tem um Senhor no céu fracassa em ser um bom patrão sobre a terra.

A MAIS TERRÍVEL BATALHA MUNDIAL

Referência: Efésios 6.10-24

INTRODUÇÃO

• Houve uma rebelião no céu. Lúcifer e seus anjos foram expulsos do céu. Esses seres espirituais malignos não dormem, não descansam nem tiram férias. No Édem o diabo levou os nossos primeiros pais a caírem. A partir daí, o homem morreu espiritualmente. O homem natural está sob o domínio de Satanás: na potestade de Satanás (Atos 26:18), na casa de Satanás (Lucas 11:20-22), no reino das trevas (Colossenses 1:13), fazendo a vontade de Satanás (Efésios 2:1-3).
• Esse terrível inimigo luta constantemente para derrubar aqueles que nasceram de Deus e são filhos de Deus. Aqueles que ainda não nasceram de novo são chamados filhos do maligno. Há uma luta mundial, supra racial, supra-terrenal, espiritual e sem trégua.
• Não existe pessoa neutra nessa guerra. Não existe tempo de trégua nessa guerra. Não existe acordo de paz. Existem só duas categorias aqueles que estão alistados no exército de Deus e aqueles que pertencem ao exército de Satanás.

I. O INIMIGO CONTRA QUEM LUTAMOS NESSA BATALHA – V. 11-13

1. É um inimigo invisível – v. 11-12
• Esse inimigo está nos espreitando vinte quatro horas por dia. Ele é como leão que ruge ao nosso derredor. Ele vive a rodear a terra e passear por ela. Ele escuta cada palavra que você fala e vê cada atitude que você toma e acompanha cada ato que você pratica escondido.
• Ele é um inimigo espiritual. Você não guerrear contra ele com armas carnais. Ele não pode ser destruído com bombas atômicas. Ele age de forma inesperada.

2. É um inimigo maligno – v. 11-12
• A Bíblia o chama do diabo, Satanás, assassino, ladrão, mentiroso, destruidor, tentador, maligno, serpente, dragão. Seu intento é roubar, matar e destruir. Ele sabe que já está sentenciado à perdição eterna e quer levar consigo homens e mulheres.

3. É um inimigo astuto – v. 11
• Ele age dissimuladamente como uma serpente – Ele se disfarça. Ele se transfigura em anjo de luz. Seus minitros parecem ser ministros de justiça. Ele usa uma voz mansa. Ele usa muitas máscaras. Ele tenta enganar as pessoas levando-as a duvidar da Palavra de Deus e exaltando o homem ao apogeu da glória.
• Ele age assustadoramente como um leão – Ele ruge para assustar. O dia mau é o dia de duras provas, nos momentos mais críticos a vida, quando o diabo e seus subordinados sinistros nos assaltam com grande veemência. Ele ameaça e intimida as pessoas de as destruir (Centros espíritas). Ele ataca com fúria no dia mau (Ziclague) – Exemplo: A mulher que perdeu toda a sua família.
• Ele age com diversidade de métodos – Ele estuda cada pessoa para saber o lado certo para atacá-la. Sansão, Davi, Pedro foram derrubados porque o diabo mudou seus métodos.

4. É um inimigo persistente – v. 13
• O diabo e suas hostes não ensarilham suas armas. Eles ao serem derrotados, voltam com novas estratégias. Foi assim com Jesus no deserto, onde foi tentado (Lucas 4:13). Elias fugiu depois de uma grande vitória. Sansão foi subjugado pelos filisteus depois de vencê-los. Davi venceu exércitos, mas caiu na teia da luxúria. Pedro caiu na armadilha da auto-confiança.

5. É um inimigo numeroso – v. 12
• O diabo e seus anjos estão tentando, roubando e matando pessoas em todo o mundo. Eles são numerosos. Não podemos vencer esses terríveis exércitos do mal sozinhos nem com as nossas próprias armas.

6. É um inimigo oportunista – v. 11,14
• Mesmo depois que o vencemos, precisamos continuar firmes (v.11,14), porque ele sempre procura um novo jeito de atacar.
• Quando o crente deixa de usar TODA a armadura de Deus, e ele encontra uma brecha, ele entra e faz um estrago (Efésios 4:26-27). Não podemos ter vitória nessa guerra se não usarmos todas as peças da armadura. Não podemos permitir que o inimigo nos encontre indefesos.
• O pregador Maclaren diz que o diabo e suas hostes buscam uma estratégia para nos atacar de súbito, sem nenhum aviso, sem nenhum sinal de tempestade.

II. O EQUIPAMENTO QUE PRECISAMOS PARA ESSA BATALHA – V. 14-17

1. O cinturão da Verdade – v. 14
• Satanás é o pai da mentira (João 8:44), mas o crente cuja vida é controlada pela verdade pode vencê-lo. A máscara da mentira um dia cai. O cinturão é que segurava as outras parte da armadura juntas. A verdade é a força integrante na vida de um crente vitorioso. Um homem de integridade, com uma consciência limpa, pode enfrentar o inimigo sem medo – Lutero enfrenta a Dieta de Worms.
• O cinturão é que segurava a espada. A não ser que você pratique a verdade, você não pode usar a Palavra de Verdade. Davi viveu um ano mentindo sobre o seu caso com Bate-Seba e tudo começou a ir de mal a pior na sua vida.

2. A couraça da Justiça – v. 14
• Esta peça da armadura feita de metal cobria o guerreiro do pescoço ao peito. Protegia o coração e os órgãos vitais. Este é um símbolo da justiça que o crente tem em Cristo (2 Co 5:21), assim como o caráter justo que o crente exerce na sua vida diária (Ef 4:24). A couraça representa a vida devota e santa, ou seja, retidão moral. Sem a justiça de Cristo e a santidade pessoal não tem defesa contra as acusações de Satanás (Zc 3:1-3).
• Satanás é o acusador, mas sua acusação não prospera por causa da justiça de Cristo imputada a nós (Rm 8:31-35). Mas, nossa justiça posicional em Cristo, sem uma justiça prática na vida diária, apenas dá a Satanás oportunidade para nos atacar.

3. O calçado do Evangelho – v. 15
• Os soldados romanos usavam uma sandália com cravos na sola para lhes darem segurança e agilidade na caminhada e corrida por lugares escarpados. Se nós queremos ficar firmes e de pé na luta, precisamos estar calçados com o Evangelho (que nos dá paz com Deus e com o próximo).
• Nós precisamos ter pés velozes para anunciar o evangelho da paz aos perdidos (Is 52:7). O diabo declara guerra para destruir os homens, mas nós somos embaixadores do evangelho da paz (2 Co 5:18-21).

4. O escudo da Fé – v. 16
• Esse escudo media 1,6 metros por 0,70 metros. Ele protegia todo o corpo do soldado. Era feito de madeira e coberto por um couro curtido. Quando os soldados lutavam emparelhados, formavam como que uma parede contra o adversário. Uma das armas mais terríveis eram os dardos inflamados porque não apenas feriam, mas também incendiavam.
• O diabo lança dardos inflamados em nossos corações e mentes: mentiras, pensamentos blasfemos, pensamentos de vingança, dúvidas e ardentes desejos de pecar. Se nós não apagarmos esses dardos pela fé, eles irão acendar um fogo dentro de nós e nós iremos desobedecer a Deus.
• Na aljava do diabo há toda espécie de dardos ardentes. Alguns dardos inflamam a dúvida, outros a lascívia, a cobiça, a vaidade, a inveja. Exemplo: O filme O advogado do diabo.

5. O capacete da Salvação – v. 17
• Satanás deseja atacar a mente, a estratégia pela qual ele derrotou Eva. Essa peça da armadura fala de uma mente controlada por Deus. Infelizmente, muitos crentes dão pouco valor à mente, à razão, ao conhecimento. Quando Deus controla a nossa mente, Satanás não pode levar o crente a fracassar. O crente que estuda a Bíblia e está firmado na Palavra de Deus não cede às novidades facilmente.

6. A espada do Espírito – v. 17
• A espada do Espírito é arma de ataque. Esta espada é a Palavra de Deus. Vencemos os ataques do diabo e triunfamos sobre ele através da Palavra. É pela Palavra que saqueamos o reino das trevas, a casa do valente. É pela Palavra que os cativos são libertos. A Palavra é poderosa, é viva, é eficaz.
• Moisés quis libertar os israelitas com a espada carnal e fracassou, mas quando usou a espada do Espírito o povo foi liberto.
• Pedro quis defender a Cristo com a espada e fracassou, mas quando brandiu a Espada do Espírito, multidões se renderam a Cristo.
• Cristo venceu Satanás no deserto usando a espada do Espírito.
• As viagens de Paulo, pregando o evangelho, plantando igrejas e arrancando vidas da potestade de Satanás para Deus é uma descrição eloquente de como ele usou a espada do Espírito.
• Precisamos conhecer a Palavra. “Este livro o afastará do pecado ou o pecado o afastará deste livro”. Há crentes mais comprometidos com a coluna esportiva do que com a Palavra de Deus.
• CRISTO É TODA A ARMADURA DE DEUS PARA NÓS.

III. A ENERGIA COM A QUAL DEVEMOS LUTAR ESSA GUERRA – V. 18-20

• A oração é a energia que capacita o soldado crente e usar a armadura e brandir a espada do Espírito. A palavra de Deus dirigida aos homens é deveras poderosa, especialmente quando ela se acha em íntima relação com a palavra dos homens dirigidas a Deus. Nós não podemos lutar nessa guerra com as nossas próprias forças, no nosso próprio poder. Moisés orou e Josué brandiu a espada contra Amaleque. Oração e Ação caminham juntos (Ex 17:8-16).
• A oração é o poder para a vitória.

1. O tempo da oração – v. 18
• Isso significa que nós devemos estar em constante comunhão com Deus. É errado dizer: “Senhor, nós vimos agora à tua presença”, porque o crente jamais tem licença para sair da presença do Senhor. O crente deve orar sempre, porque ele está sempre exposto ao ataque do inimigo.

2. A natureza da oração – v. 18
• “Com toda oração” é mais do que um tipo de oração. Devemso usar súplica, intercessão e ação de graças. O crente que ora apenas pedindo coisas está perdendo o real significado da oração que é manter-se em intimidade com Deus, deleitando-se nele.

3. A esfera da oração – v. 18
• “No Espírito” signica que essa oração precisa ser motiva e assistida pelo Espírito (Rm 8:26-27). Não é oração no monte, ou em línguas, mas no Espírito. O Espírito nos assiste em nossa fraqueza porque não sabemos orar como convém. O Espírito é como o fogo que faz o incenso da oração subir como aroma suave diante de Deus. É possível, porém, orar ferventemente, mas na carne.

4. A vigilância da oração – v. 18
• Devemos orar com os olhos abertos. Devemos orar e vigiar. Devemos fazer como Neemias: “Porém nós oramos ao nosso Deus e, como proteção, pusemos guarda contra eles, de dia e de noite” (Ne 4:9).
• Orar e vigiar é o segredo da vitória sobre o mundo (Mc 13:33), a carne (Mc 14:38) e o diabo (Ef 6:18). Porque Pedro dormiu e não orou nem vigiou, ele foi derrotado no Getsêmani (Mc 14:29-31, 67-72).

5. A perverança da oração - v. 18
• A igreja primitiva orou com perseverança (Atos 1:14; 2:42; 6:4) e nós também devemos orar da mesma forma (Rm 12:12). Robert Law disse: “A oração não é para fazer a vontade do homem no céu, mas fazer a vontade de Deus na terra”.

6. O alcance da oração – v. 18-20
• Somos um exército, precisamos uns pelos outros e orar por todos os santos. Quando um soldado cai, tornamo-nos mais vulneráveis. Precisamos uns dos outros. Precisamos orar uns pelos outros.
• Nenhum soldado entrando em combate ora só por si, mas também por seus companheiros. Eles constituem um exército, e o sucesso de um é o sucesso de todos.
• Paulo pede oração por si mesmo, não para se livrar da prisão, mas para tornar-se mais eficaz na proclamação do evangelho (Ef 6:19-20).

IV. O ENCORAJAMENTO PARA LUTAR ESSA GUERRA – V. 21-24

1. Não estamos sozinhos na batalha – v. 21-22
• Nós não estamos lutando essa guerra sozinhos. Há outros soldados, outros crentes que estão lutando conosco e nós devemos nos esforçar para encorajar uns aos outros. Paulo encorajou os efésios. Tíquico foi um encorajamento para Paulo. Agora Paulo está enviando Tíquico para encorajar os efésios. Paulo compartilhava seus problemas e desafios. Ele queria que o povo soubesse o que Deus estava fazendo e como suas orações estavam sendo respondidas e o que Satanás estava fazendo para opor-se à obra de Deus.
• É um grande encorajamento fazer parte da família de Deus. Não existe em qualquer parte do Novo Testamento sustentação para a idéia de um crente isolado. O crentes são como ovelhas, eles precisam estar no meio do rebanho. Cristãos são como soldados, precisam estar juntos e lutar juntos as guerras do Senhor.

2. Mesmo em guerra, nós somos o povo mais abençoado do mundo – v. 23-24
• Observe as palavras que Paulo usa na conclusão desta carta: paz, amor, fé e graça. Paulo era um prisioneiro em Roma, mas mesmo assim, ele era mais rico do que o imperador. Não importa em que circunstâncias possamos estar, se estamos em Cristo, nós somos abençoados com toda sorte de bênçãos espirituais.