sábado, 17 de dezembro de 2011

A confissão de fé de westminster

I. O Homem no Estado de Inocência Assim diz a Confissão de Fé: “O homem no estado de inocência tinha a liberdade e o poder de querer e fazer aquilo que é bom e agradável a Deus”. Santo Agostinho dizia que antes do pecado, o homem vivia na situação de “Posse non peccare”. Isto é, o homem tinha o poder de não pecar. Foi assim que Deus o criou: Santo, perfeito, imaculado e inocente. Não havia dentro do homem nenhuma semente do pecado; nenhuma corrupção; nenhuma depravação. Porém, esta situação do homem era mudável de “de sorte que pudesse decair” dessa posição (Ec 7.29). Aqui surge a questão se o homem antes do pecado tinha ou não livre-arbítrio. Estudiosos discutem esta questão. Alguns negam que Adão teve livre-arbítrio antes da queda. Outros aceitam que Adão tinha livre-arbítrio antes da queda. Calvino, ao que parece, aceitava que Adão antes da queda tinha o livre-arbítrio. Pelo menos é o que podemos ler nas Institutas, livro I, capítulo XV, sessão 8: “... Nesta integridade, o homem USUFRUÍA de livre-arbítrio, mercê do qual, caso quisesse, poderia alcançar a vida eterna... portanto, Adão podia manter-se, se o quisesse, visto que não caiu senão de sua própria vontade... a escolha do bem e do mal lhe era livre... em sua condição original o homem foi totalmente diferente de toda sua posteridade, a qual, derivando a origem do corrupto, dele contraiu mácula hereditária. Ora, todas as partes da alma, uma a uma , lhe estavam conformadas à retidão, e firme se estabelecia a sanidade de sua mente, e sua vontade era livre para escolher o bem”. II. O Homem no Estado de Pecado A Confissão afirma: ”O homem caindo em um estado de pecado perdeu totalmente todo o poder de vontade quanto a qualquer bem espiritual que acompanha a salvação”. Santo Agostinho dizia que neste estado, o homem vive na situação de “Non posse non peccare”. Isto significa que o homem agora NÃO PODE NÃO PECAR. Ele só consegue e só quer pecar. Tornou-se escravo do pecado e quer sempre fazer sua vontade. Por causa do pecado, o homem tornou-se “inteiramente avesso” ao que pertence a Deus “e morto no pecado” e, assim, “é incapaz de... converter-se ou mesmo preparar-se para isso”. Neste estado de pecado, o homem NÃO deseja ser santo, nem regenerado, nem quer abandonar o pecado. Ele NÃO deseja abandonar suas paixões nem seus vícios. Ele por natureza quer continuar nestas coisas e nelas têm muito prazer, dedicação e devoção. O pecado para o pecador não regenerado é como um troféu. Realmente, o pecador é escravo do pecado e o resultado final desta condição será a morte eterna como castigo pelo seu modo de vida (Rm 3.10,12,23; Cl 2.13). Quanto ao fato que no estado de pecado o homem perdeu o livre-arbítrio, ouçamos o que disse Calvino no mesmo lugar das Institutas indicado acima afirma: “... os que professam ser cristãos, e ainda buscam livre-arbítrio no homem perdido e imerso em morte espiritual, corrigindo a doutrina da Palavra de Deus com os ensinos dos filósofos, estes se desviam totalmente do caminho...” III. O Homem no Estado de Graça Assim diz a Confissão de Fé: “Quando Deus converte um pecador e o transfere para o estado de graça, ele o liberta da sua natural escravidão ao pecado e, somente pela sua graça, o habilita a querer e fazer com toda a liberdade o que é espiritualmente bom”. Temos nesta declaração confessional três coisas: É Deus quem converte o pecador. É Deus quem liberta o pecador. É Deus quem habilita o pecador a querer e fazer aquilo que é do seu agrado. Tudo isto está dentro do campo de ação exclusiva de Deus, sem nenhuma cooperação do homem. O homem é convertido, libertado e habilitado. Ele é um agente passivo na salvação. Só Deus é agente ativo. É Deus quem faz tudo em benefício do homem pecador. O pecador mesmo regenerado não consegue fazer “o bem perfeitamente, nem deseja somente o que é bom, mas também o que é mau”. E por que as coisas são assim? As coisas são assim “por causa da corrupção, ainda nele existente”. IV. O Homem no Estado de Glória A Confissão de Fé diz: “É no estado de glória que a vontade do homem se torna perfeita e imutavelmente livre para o bem só”. Apenas no “estado de gloria” as coisas serão diferentes para o homem, pois, na glória, a vontade do crente será “perfeita e imutavelmente livre para o bem só”. Santo Agostinho dizia que neste estado de glória, o homem viverá na condição de “Posse non peccare”. Isto é, no céu o crente será preservado por Deus para não mais pecar. No Éden, esta vontade era mutável, ou seja, o homem podia pecar ou não pecar. Mas no céu sua vontade será imutável. Ou seja, o homem não terá vontade de pecar, e assim jamais cairá. Ele será perfeito e aperfeiçoado em santidade para sempre (Jo. 8.34,36; Ef 4.13; Fp 2.13; Cl 1.13; 1Jo. 3.2) Conclusão Na inocência o homem tinha livre-arbítrio; No pecado o homem perdeu o livre-arbítrio; Na graça o homem recebe o dom do livre-arbítrio. _________________________ Sobre o autor: O Pr. Daniel Carneiro da Silva é ministro da IPB e está a procura de campo. É professor de Teologia Sistemática, Teologia Contemporânea, Religião e Sociedade Pós-Moderna e Símbolos de Fé no Seminário Presbiteriano do Norte (SPN), em Recife. Extraído do site: http://www.eleitosdedeus.org/livre-arbitrio/confissao-de-fe-de-westminster-do-livre-arbitrio-pr-daniel-carneiro.html#ixzz1gog6XVPB Informe autores, tradutores, editora, links de retorno e fonte. Não é autorizado o uso comercial deste conteúdo. Não edite ou modifique o conteúdo. Under Creative Commons License: Attribution Non-Commercial No Derivatives