segunda-feira, 27 de julho de 2009

JOÃO CALVINO, O CÉREBRO DA REFORMA

Na próxima sexta-feira, dia 10 de julho de 2009, no mundo inteiro, os protestantes reformados estarão celebrando o quinto centenário do nascimento do reformador João Calvino. Ele nasceu no dia 10 de julho de 1509 na França e morreu no dia 27 de maio de 1564 em Genebra, na Suíça. Calvino foi o maior expoente da reforma. Influenciou não apenas a teologia, mas, também, a economia, a política e a educação. Destacaremos quatro áreas da vida desse gigante de Deus.

1. A teologia de Calvino - O reformador João Calvino foi o sistematizador da doutrina reformada. Aos 26 anos de idade escreveu As Institutas da Religião Cristã, fazendo uma exposição do Credo Apostólico. Esta obra tornou-se a maior referência teológica de todos os tempos. É muito importante ressaltar que Calvino não foi um inovador. Ele voltou à doutrina dos apóstolos. Ele voltou às Escrituras. Ele tinha um alto conceito da Palavra de Deus e esmerou-se em ensiná-la com irrestrita fidelidade. A influência de Calvino na teologia é tão destacada, que a doutrina reformada foi cognominada depois de sua morte de Calvinismo. No Sínodo de DORT, na Holanda, mais de cinqüenta anos depois da morte do reformador, cunhou-se o que nós chamamos de cinco pontos do Calvinismo: Depravação Total, Eleição Incondicional, Expiação Limitada, Graça Irresistível e Perseverança dos Santos.

2. A pregação de Calvino - Calvino foi um expositor bíblico. Pregou quase toda a Bíblia, usando o método lectio continua, expondo as Escrituras livro por livro, capítulo por capítulo, versículo por versículo. Calvino foi um exegeta extraordinário. Ele conhecia profundamente as línguas originais, a tal ponto de ler direto no Hebraico quando pregava no Antigo Testamento e direto no Grego quando pregava no Novo Testamento. Calvino pregava em média três vezes por semana. Ele foi essencialmente um pregador, um homem do púlpito. Para ele o púlpito era o trono de Deus na terra, de onde Deus governa o seu povo. Ouvir a exposição das Escrituras é ouvir a própria voz de Deus.

3. A prática pastoral de Calvino - Calvino não foi um homem sisudo, frio e distante das pessoas. Ao contrário, era um devotado pastor de suas ovelhas. Mesmo com uma agenda tão congestionada, ainda encontrava tempo para visitar o rebanho e orar com o seu povo. O ministério de Calvino abrangia um horizonte muito mais amplo do que apenas o cuidado da igreja local em Genebra. Ele era consultado por pastores e concílios de vários países para dar orientação à luz das Escrituras. Ele viajava para atender muitos convites. Calvino era um apologeta incomparável e ajudou a igreja do seu tempo a resolver os mais intrincados conflitos teológicos, sempre se pautando pela fiel exposição da Palavra. Mesmo atormentado por constantes dores e enfermidades, Calvino respondia inúmeras cartas, escrevia muitos livros e pregava com freqüência regular.

4. A influência social de Calvino - Calvino influenciou não apenas a igreja, mas, também, a sociedade como um todo. Ele fundou uma academia em Genebra, onde não faltou o curso de Teologia. Ele preparou missionários e os enviou para o mundo inteiro, inclusive para o Rio de Janeiro. Ele acolheu os foragidos de guerra e fez de Genebra um lar hospitaleiro para os que buscavam refúgio. Genebra foi transformada na mais esplêndida maquete do Reino de Deus na terra, sobretudo, pela pregação desse destemido reformador. Calvino influenciou a política, a cultura e a economia. Ele foi intelectual, sem deixar de ser piedoso. Ele foi um homem à frente do seu tempo. Depois de quinhentos anos de seu nascimento, ainda exerce decisiva influência em todo o mundo ocidental, especialmente no contexto das igrejas reformadas. Rendemos glórias ao nosso Deus por tão preciosa vida!

sábado, 18 de julho de 2009

POR QUE DEVEMOS NOS DELEITAR EM DEUS EM ADORAÇÃO?

Referência: Efésios 1.3

INTRODUÇÃO

1. Quem nós somos em Cristo
O apóstolo começa afirmando que nós somos santos e fiéis em Cristo Jesus. Fomos chamados do mundo e separados por Deus, para sermos propriedade exclusiva de Deus e assim colocarmos nossa confiança em Cristo.

2. O que nós temos em Cristo
Temos graça e paz. Estávamos perdidos e fomos achados. Estávamos mortos e recebemos vida com Cristo. Merecíamos a morte e Deus nos deu a vida. Fomos reconciliados com Deus e agora temos paz com Deus e a paz de Deus.

3. Onde nós estamos em Cristo
Nós pertencemos a dois mundos. Os santos vivem em Éfeso, mas são fiéis em Cristo. A igreja tem dois endereços: ela está em Vitória e está em Cristo. Somos peregrinos neste mundo, mas cidadãos do céu.

I. A COMPREENSÃO DA VERDADE DE DEUS A NOSSO RESPEITO NOS LEVA À ADORAÇÃO – v. 3

O nosso maior problema como cristãos continua sendo a falta de conhecimento. Se sabemos quem somos e o que temos em Cristo, precisamos nos deleitar em Deus e glorificar a Deus. Quanto maior o conhecimento da verdade, maior o nosso senso de admiração. O povo de Deus perece por falta de conhecimento (Os 4.6). Paulo começa o texto dizendo: “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo”.

1. A adoração e o louvor devem ser as marcas de um crente
Apesar da pobreza, da perseguição, dos açoites, das prisões e até da morte que aqueles primeiros crentes tiveram que enfrentar, eles se distinguiram por um espírito de louvor e adoração. Eles entravam e saíam das prisões cantando. Eles se regozijavam sempre no Senhor. O louvor torna-se inevitável para aquele que compreende a gloriosa salvação que recebeu gratuitamente. Essa alegria jubilosa na adoração não é algo sentimental, mas fruto do entendimento.

O mundo é extremamente infeliz. As pessoas vivem murmurando, reclamando, infelizes, descontentes. Mas o salvo está encantado com a graça, está admirado pela beleza e majestade de Deus. O conhecimento da verdade o encheu de um gozo santo e ele prorrompe em adoração ao Pai.

O louvor é o principal objetivo da nossa vida. Deus nos criou para a adoração. Deus nos criou para o maior de todos os prazeres: glorificar a Deus e gozá-lo para sempre.

O louvor é o principal propósito do culto. Não devemos chegar a Deus simplesmente para buscar as bênçãos. Deus é o centro de tudo. Devemos entrar pelos portais do seu santo templo adorando. Ele é digno de toda adoração.

O louvor precisa ser trinitário. Paulo enfatiza a Trindade na adoração. Adoramos o Pai, por meio do Filho, no poder do Espírito. Essa ordem deve ser preservada.

II. O QUE DEUS FEZ POR NÓS NA ETERNIDADE NOS LEVA A ADORAÇÃO – v. 3

1. Deus deve ser adorado por quem ele é
Paulo explica agora porque o Deus triúno é digno de ser adorado. Deus deve ser adorado por ser quem ele é. Ele é bendito. Ele é exaltado. Ele é supremo. Diante dele os anjos se curvam. Os salvos depositam suas coroas.

2. Deus deve ser adorado por aquilo que nos fez
Paulo diz que Deus tem nos abençoado. Como ele tem nos abençoado? A grandeza deste verso é o planejamento de nossa salvação, a maneira como foi planejada e a maneira como Deus executada a nossa salvação.

A nossa salvação vem inteiramente de Deus. Todavia, por estarmos tão concentrados em nós mesmos, passando o tempo todo tomando o nosso próprio pulso, temos um pequeno entendimento daquilo que Deus fez por nós. Se desejamos louvar a Deus, precisamos compreender o seu conselho eterno entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Esse plano glorioso foi feito na eternidade (v. 4). A nossa salvação foi planejada antes mesmo de Deus ter lançado os fundamentos da terra. É a percepção deste fato que faz com que a pessoa fique na ponta dos pés e grite louvores a Deus.


As três pessoas da Trindade reuniram-se em conferência, no conselho da redenção, antes da criação do universo e planejaram a nossa salvação. Não foi uma medida de última hora. A obra foi dividida entre as três benditas Pessoas, cada uma concordando em desempenhar tarefas específicas: o Pai planejou, o Filho a executou e o Espírito Santo a aplicou.

Os versos 4 a 6 nos falam da obra do Pai; os versos 7 a 12 da obra do Filho e os versos 13 a 14 nos falam da obra do Espírito Santo. O Pai nos escolheu, o Filho se dispôs a vir ao mundo, encarnar-se, cumprir a lei, satisfazer a justiça, morrer em nosso lugar e o Espírito Santo se dispôs a converter-nos, a santificar-nos, a dar-nos poder e a nos transformar de glória em glória na imagem de Jesus.

Antes de criar o mundo, Deus fez uma aliança, um juramento de salvar você em Cristo. Esse plano não pode ser frustrado. Aquele que começou boa obra em você vai completá-la até o dia de Cristo Jesus.

III. A NATUREZA DAS BÊNÇÃOS QUE RECEBEMOS NOS LEVA À ADORAÇÃO – v. 3

1. Antes de considerarmos as bênçãos, precisamos considerar o abençoador – v. 3
A ordem é extremamente importante. Por causa do nosso miserável subjetivismo, sempre temos a tendência de concentrarmo-nos logo nas bênçãos; sempre queremos algo para nós mesmos. Contudo, o apóstolo insiste em que comecemos com Deus, e com o culto que lhe devemos. Devemos considerar a natureza das bênçãos só depois que tivermos cultuado a Deus e louvado seu nome e tivermos compreendido o que Deus fez a fim de recebermos essas bênçãos.

1. A maneira pela qual nos vêm essas bênçãos – v. 3
Essas bênçãos nos vêm em Cristo. Sem Cristo não há bênção. Toda bênção que desfrutamos como cristãos nos vêm por meio de Cristo. Há certas bênçãos comuns e gerais que são desfrutadas por todos os homens. Há o que se chama de graça comum, mas não é disso que Paulo está falando. Aqui ele está tratando de uma graça particular, especial. Você não pode ser cristão sem estar em Cristo. Não há bênçãos para o crente fora de Cristo.

As bênçãos vêm exclusivamente por meio de Cristo. Ele não tem nenhum assistente. “Nenhum outro nome é dado entre os homens pelo qual importa que sejamos salvos” (At 4.12). Toda bênção está nele e não vem de nenhuma outra fonte. Ele é o único canal. Ele é o único mediador (1 Tm 2.5). Buscar bênção espiritual em qualquer outra pessoa, em qualquer outro caminho, em qualquer religião é negar a Jesus. Ele é o caminho, a verdade e a vida. Ele é a videira verdadeira. Ele é o bom pastor. Ele é a plenitude da divindade. Nele estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento. Ele é o canal exclusivo por meio do qual as bênçãos nos vêm. Ele é a cabeça do corpo. Todo o corpo é suprido, alimentado, guiado por ele.

2. A natureza dessas bênçãos – v. 3
Paulo nos diz que essas bênçãos são espirituais. Estas bênçãos vêm de Cristo, mas também vêm por meio do Espírito Santo; são bênçãos mediadas a nós da parte do Pai, por meio de Cristo, via o Espírito Santo. É pelo Espírito que elas passam a ser nossas.

A aplicação da obra de Cristo é feita pelo Espírito. Seu propósito é glorificar o Senhor Jesus. O próprio Senhor Jesus não abriu mão do poder do Espírito enquanto viveu entre nós. Ele foi concebido pelo Espírito. Revestido com o Espírito no batismo, guiado pelo Espírito no deserto, cheio do Espírito voltou à Galiléia e disse: “O Espírito do Senhor está sobre mim”.

O Espírito é quem nos vivifica, nos regenera, nos santifica, nos transforma, nos capacita com poder. As bênçãos que temos em Cristo não sumamente bênçãos espirituais. O homem sem Cristo está preocupado apenas com as coisas terrenas: carros, casas, dinheiro, sucesso, fama, prosperidade. Ele não discerne as coisas espirituais. Elas são loucura para ele. Mas quando somos convertidos, pensamos nas coisas lá do alto, buscamos em primeiro lugar o Reino, e nos deleitamos em Deus.

3. O lugar onde essas bênçãos estão concentradas – v. 3
Paulo diz que somos abençoados nas regiões celestiais. No Antigo Testamento as bênçãos eram mais materiais e físicas. Mas quando adentramos o Novo Testamento, entramos num domínio inteiramente diverso. Aqui as bênçãos são nas regiões celestes. Nosso tesouro não está na terra. Devemos ajuntar tesouros no céu. Devemos buscar o que está além da vista. Nossa casa não é aqui. Nosso lar não é aqui. Nossa Pátria não é aqui. Vivemos um desvio do foco, onde se prega bênçãos apenas para o aqui e agora. O homem moderno diz não estar interessado num conceito de extra-mundo. Mas a esperança está no porvir. A nossa recompensa está no céu.

Isso não significa que nos tornamos alienados, monges, eremitas e anacoretas. Somos uma colônia do céu na terra. Aqui somos peregrinos e forasteiros (1 Pe 2.11). Embora este mundo é de Deus, aqui não é o nosso lar. O crente não se apega a este mundo, não se amolda a ele, pois busca uma Pátria superior.

CONCLUSÃO

O apóstolo conclui dizendo que somos abençoados com toda sorte de bênção espiritual. Deus nos abençoou com todas as bênçãos espirituais. Essas bênçãos incluem tudo que necessitamos. As bênçãos para esta vida e para a vindoura. Tudo já está preparado.

Em Efésios 1 Paulo fala que Deus nos elegeu em Cristo, que ele nos adotou na sua família, que nos remiu com o sangue de Cristo, que ele nos selou com o Espírito Santo. Ele nos deu poder para vivermos vitoriosamente. As bênçãos daqui são apenas o penhor, a entrada, a garantia de que coisas maiores virão. Agora somos filhos de Deus, mas ainda não se manifestou o que havemos de ser, porque quando ele se manifestar seremos semelhantes a ele. Teremos um corpo de glória. Veremos a sua face e reinaremos com ele para todo o sempre. Oh! Bênção gloriosa. Oh! Deus bendito!

sábado, 4 de julho de 2009

COMO PODEMOS CONHECER A DEUS

O reformador João Calvino, no início de suas Institutas da Religião Cristã afirmou, acertadamente, que só podemos conhecer a Deus porque ele se revelou a nós. E Deus se revelou a nós de quatro formas distintas:

1. Deus se revelou através das obras da criação (Sl 19.1-6) - A criação é um arauto do criador. Os céus proclamam a glória de Deus. A criação com sua multifária beleza é uma eloqüente mensagem do criador. O universo não surgiu espontaneamente. Ele não é produto de uma explosão cósmica nem de uma evolução de milhões e milhões de anos. A matéria não é eterna nem divina. Deus criou todas as coisas e ele é distinto da criação. Ele está fora da criação e ao mesmo tempo presente nela. O criador é ao mesmo tempo transcendente e imanente. Com o progresso da ciência, ficamos ainda mais encantados com a grandeza da criação e com a majestade do criador. Os mundos estelares, os bilhões de galáxias, com sua complexidade quase indescritível apontam a onipotência do criador. Tanto o macrocosmo como o microcosmo estampam as digitais do criador. Em virtude desta estupenda obra da criação, os homens são indesculpáveis diante do criador (Rm 1.20).

2. Deus se revelou através da nossa consciência (Rm 2.14,15) - Deus criou o homem à sua imagem e semelhança. Mesmo aqueles que vivem na impiedade têm dentro de si uma consciência, uma lei que os acusa e os defende. Essa lei gravada no coração é o testemunho da consciência. O homem pode divorciar-se da família, mas jamais pode separar-se de sua consciência. Essa consciência pode ser limpa e sensível ou ficar cauterizada. Por isso, essa forma da revelação de Deus é suficiente para condenar o homem (Rm 2.12), mas não eficiente para salvá-lo (Rm 2.16).

3. Deus se revelou através da sua Palavra (Sl 19.7-10) - A Palavra de Deus é o sopro do Espírito. Ela é inspirada, infalível e inerrante. A Palavra de Deus foi revelada e registrada com absoluta fidelidade. Ela é a verdade. Por meio dela somos levados à fé salvadora. Por meio dela conhecemos a Cristo. Por meio dela somos santificados, ensinados, corrigidos e consolados. A Bíblia é a nossa única regra de fé e prática. Ela não apenas contém a Palavra de Deus; ela é a Palavra de Deus. Podemos conhecer a Deus porque ele se revelou a nós por meio da sua Palavra. Quando lemos a Bíblia, o próprio Deus fala conosco. Quando sua Palavra é pregada com fidelidade, ouvimos a própria voz de Deus.

4. Deus se revelou através do seu Filho Unigênito (Jo 1.18) - Jesus é o ponto culminante da revelação de Deus. O escritor aos Hebreus diz: "Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho" (Hb 1.1,2). Jesus é o Verbo eterno e divino que se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade (Jo 1.14). Sua glória é a glória do Unigênito do Pai. Jesus veio para nos mostrar o Pai. Quem o vê, vê o Pai. Jesus é a exegese de Deus. Ele e o Pai são um. O evangelista João registra: "Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou" (Jo 1.18). Ninguém jamais pode ir a Deus a não ser por meio de Jesus. O próprio Jesus afirmou: "Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim" (Jo 14.6). Jesus é a revelação máxima e final de Deus. Ele é co-igual, co-eterno e consubstancial com o Pai. Antes que houvesse mundo, o Filho já desfrutava de glória excelsa com o Pai. Quando Deus trouxe o mundo à existência, o Verbo eterno foi seu agente criador. Tudo veio a existir por seu intermédio. Ele é o criador das coisas visíveis e invisíveis. Concluímos, afirmando que Deus se revelou a nós pela sua criação, pela voz da consciência, pela sua Palavra e por seu Filho Unigênito. Você já conhece esse Deus, o Deus Todo-poderoso?